Legado em exposição

Sueli Carneiro, uma intelectual feminista antirracista

Por Nathália Geraldo

Sueli Carneiro é uma das maiores intelectuais sobre raça e gênero do Brasil. Sua contribuição e biografia são parte da "Ocupação Sueli Carneiro", que abre neste sábado (28), em SP.
André Seiti / Acervo Itaú Cultural

A origem

Nascida em 1950, a paulistana Aparecida Sueli Carneiro Jacoel se tornou doutora em educação pela USP e se dedica há décadas à luta coletiva pela dignidade e justiça para a população negra.
Autoria desconhecida/ Acervo pessoal Sueli Carneiro

Diálogo

A intelectual iniciou seus estudos a partir do pensamento africano dentro da filosofia. "Ela dialoga também com as contribuições de Lélia Gonzalez e de mulheres negras contemporâneas", explica a biógrafa de Sueli e co-curadora da mostra, Bianca Santana
Autoria desconhecida/ Acervo pessoal Sueli Carneiro
Sueli se inspira em Lélia ao tratar do machismo e por levantar a dupla opressão das mulheres negras, que vivem também o racismo. Por isso, tem tanta expressividade no movimento de quem luta no enfrentamento da invisibilidade, da falta de oportunidades e da desigualdade racial e de gênero.
Autoria desconhecida/ Acervo pessoal Sueli Carneiro

Geledés

Sueli Carneiro é fundadora e diretora do Geledés - Instituto da Mulher Negra. Desde 1988, a entidade simboliza o enfrentamento às opressões sofridas por elas na sociedade brasileira.
Autoria desconhecida/Acervo pessoal Sueli Carneiro
A intelectual é referência nos esforços para "enegrecer o feminismo". "Ela pauta a ideia de que a raça e o gênero estão conectados, definindo posições específicas para mulheres negras. E nunca deixa de dialogar com os outros feminismos."
Marcus Vini / Acervo Ibase
A tese de doutorado dela é baseada em Foucault, mas Sueli também publicou artigos em revistas. "A tese que ela escreveu, de fato, exige intelectualmente. O pensamento de um homem branco renomado ser complexo é ótimo. Por que quando vem de uma filósofa negra, isso é um problema?", questiona Bianca.
Divulgação

Poder feminino e os orixás

Na foto, Sueli em sua feitura de Santo, no candomblé, em 1987. A aproximação da crença está registrada no livro "O Poder Feminino no Culto aos Orixás", do qual é coautora. "É quando ela aprende aspectos de matrizes que não têm a Europa como centro", pontua Bianca.
Autoria desconhecida/Acervo pessoal Sueli Carneiro

No Itaú Cultural, o público verá elementos para entender o contexto da produção da obra de Sueli. Como ele permitiu que, mesmo no Brasil, tão racista e machista, surgisse uma intelectual como ela. Há uma história coletiva, contada em vídeos, depoimentos e fotos.

Bianca Santana, co-curadora da Ocupação no Itaú Cultural, em SP
Reprodução

Como visitar

A Ocupação Sueli Carneiro tem entrada gratuita, de 28 de agosto a 31 de outubro de 2021, no Itaú Cultural (av. Paulista, 149, próximo à estação de metrô Brigadeiro, em São Paulo). De terça a domingo, das 11h às 19h.
André Seiti / Acervo Itaú Cultural
Publicado em 28 de agosto de 2021.
Reportagem: Nathália Geraldo. Edição: Tereza Novaes. Fotos: Divulgação e Arquivo pessoal. Continue navegando por Universa