Protestos pela educação

Quem são as mulheres que encabeçam o movimento

Por Willian Novaes

Em comum, além do microfone ou megafone na mão, elas têm a juventude. Estão na universidade, à frente de movimentos estudantis, e lutam por qualidade na educação. Conheça as mulheres que encabeçam o movimento que vai às ruas novamente hoje (30) para pedir, principalmente, que Bolsonaro volte atrás do corte de 30% nos gastos em Universidades Federais.

Marianna Dias, 26 anos

Presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), foi impedida de falar com o ministro da educação Abran Weintraub no Congresso Nacional. Há semanas, faz reuniões presenciais e pelas redes para chamar mais gente ao protesto no Largo da Batata, às 17h.
Karla Boughoff/Divulgação

A maioria dos profissionais da educação são mulheres e essa geração que não quer perder o seu espaço político. Nós mulheres sofreremos todos os ataques possíveis, mas também conseguimos organizar espaços mais civilizados, menos violentos, mais democráticos.

Marianna Dias, estudante de psicologia, em SP

Yara Costa, 23 anos

Presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Norte, Yara é chamada pelos amigos de Marielle de Natal. Os pais têm medo da comparação, devido ao fim trágico da vereadora carioca. Ela, no entanto, não se intimida: "Esperamos 50 mil pessoas em frente ao Shopping Midway, às 15h, para o 30M", diz
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É uma manifestação dos estudantes para toda a população, porque todo mundo perde nessa história. Precisamos unir forças com a sociedade e não permitir esse tipo de cortes na educação, isso é um retrocesso para o país.

Yara Costa, estudante de gestão pública, no RN

Nayara Souza, 23 anos

Presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), realizou inúmeras reuniões e assembleias nas semanas anteriores ao 15M, para mobilizar uma classe que parecia desarticulada após o impeachment de Dilma e eleição de Bolsonaro.
Karla Boughouff/ Divulgação

Ampliamos com mais organização e um conjunto de ações, como por exemplo, aula na rua, os reinícios das assembleias nos Diretórios Centrais de Estudantes. São as minas tomando os postos de decisão para buscar uma retaliação histórica. Somos uma nova geração conduzindo um novo futuro.

Nayara Souza, estudante de direito, em SP

Denise Soares, 23 anos

Ela é a 3ª Diretora de Mulheres da UNE, em Brasília. Na Capital, conseguiram unir esquerda e direita em prol da educação. Defende que as mulheres estejam na linha de frente no Museu Nacional, a partir das 10h. "Não podemos deixar retroceder".
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Vimos que estávamos no caminho certo quando o pessoal da direção da UNB (Universidade de Brasília) que é de direita, nos procurou para participar juntos da manifestação. Essa não é uma luta de direita e esquerda, é uma luta contra o desmonte da educação.

Denise Soares, estudante de direito, no DF

Flávia Callé, 35 anos

Presidente da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduação), Flávia participou da organização do 15M até quando deu. Grávida de nove meses, ela fazia reuniões com contrações. Aurora nasceu dia 11 e ela acompanha tudo de casa desde então: "Não vamos parar"
Karla Boughouff/ Divulgação

A minha filha nasceu num momento em que precisamos lutar contra os cortes na educação, mas também no surgimento de uma luta de resistência para o futuro do país. É preciso cobrar, fiscalizar, reverter os cortes de bolsas. E há um ambiente político na sociedade para isso.

Flávia Callé, mestranda em história, de SP

Raissa Nascimento, 26 anos

Pernambucana, Raissa mora com as tias na Ilha do Governador (RJ). Hoje é presidente da UJS (União da Juventude Socialista). As tias morrem de medo que algo aconteça com ela, mas ela garante: "A luta vale muito mais que uma vida". A concentração de hoje é na Candelária, às 15h.
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No começo, deu um medinho, mas passamos por cima. Fizemos um ato bonito, feminino, com crianças. Nós, mulheres, damos esse toque de resistência e alegria. Vamos continuar com os atos nas ruas e a revolução no Brasil será feminina.

Raíssa Nascimento, estudante de biotecnologia, do RJ

Lorena Alves, 20 anos

É presidente do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, da Faculdade Cásper Líbero, e participou do 15M em conjunto com UNE e UEE. "A manifestação do dia 30 será um novo tsunami".
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A nossa mobilização será contínua até o governo recuar e tirar a tesoura da mão, não apenas no corte dos 30% na educação. A grande participação das mulheres é porque seremos as mais afetadas, com os pobres e negros.

Lorena Alves, estudante de jornalismo, em SP

Rayane Garcia de Sousa, 19 anos

Diretora da UEE do Amazonas, Rayane passou o último mês em assembleias e conversas, com os seus amigos. A concentração do dia 30 será na Praça da Saudade, em Manaus, às 15h. "Lembrei de muitas mulheres que já lutaram para eu chegar aqui e fui em frente", diz.
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Sentia medo antes do evento, quando começou a lotar, mas fui em frente. O nosso futuro está ameaçado. Precisamos nos mobilizar mais, tanto os estudantes e a população em geral. As famílias brasileiras é que vão sofrer com essas e outras pautas do governo.

Rayane Garcia de Sousa, estudante de jornalismo
Publicado em 30 de Maio de 2019.
Reportagem: Willian Novaes. Edição: Luciana Bugni.