Paola Siebel, 24, estava em um acampamento religioso de Gravataí (RS) quando foi picada por uma cobra peçonhenta.
A empreendedora conta que foi levada às pressas ao hospital, mas um acidente na estrada atrasou o socorro. O detalhe: a serpente estava em um dos bancos do carro.
Rivaldo Gomes-24.fev.2021/Folhapress
"Não é aquele acampamento com barracas, ele tem uma estrutura grande, com dormitórios, quadras, refeitório."
Um dia, quando menos esperava, Paola foi atacada: ela conta que andava até o dormitório, em um caminho coberto por pedras, quando sentiu uma "fisgadinha" no pé.
"Senti a fisgadinha, mas achei que fosse um espinho, porque, como a cobra era filhote, o dente dela era muito fininho. Quando olhei para baixo, para arrancar o 'espinho', vi a cobra pendurada, se debatendo no meu pé", disse.
Paola se desesperou e começou a balançar a perna, o que fez a cobra tirar os dentes. Uma das amigas se lembrou das instruções do acampamento sobre como agir em ataques do tipo.
O grupo também ligou para um biólogo que morava no lugar, em um dormitório vizinho. Com treinamento para isso, ele pegou a cobra com um equipamento especial e a colocou em um balde.
A jovem seguiu para o hospital em uma cidade vizinha acompanhada de um missionário e dois colegas, uma técnica de enfermagem e um enfermeiro.
O caminho era longo: quase 50 km separavam Morungava, na zona rural de Gravataí, do hospital de pronto-socorro em Porto Alegre.
A situação ficou ainda mais tensa quando a pista molhada pela chuva fez o motorista do carro perder o controle e girar, já na capital gaúcha. Com o ocorrido, as rodas travaram e os três ficaram presos no carro, junto com a cobra.
RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A jovem chegou ao pronto-socorro sem documento ou telefone, o que atrasou ainda mais o atendimento. Quando finalmente foi atendida, mais uma "falta" foi notada: a cobra.
Na confusão, e preocupados em manter Paola acordada, os colegas esqueceram de retirar o animal, que foi levado pelo guincho que resgatou o carro.
"O biólogo disse qual era a cobra, mas os médicos não quiseram confiar só na palavra dele, porque o soro é feito com o próprio veneno. Se eles me dessem um soro de uma cobra venenosa e não fosse, eu poderia ter sérias complicações."
Com a cobra "desaparecida", os colegas de Paola apostaram no plano B: a foto tirada pela amiga, logo depois da picada. Foi graças à imagem que ela finalmente recebeu o soro, quatro horas depois do incidente.
A jovem teve de tomar vários remédios contra a dor e, depois, passou uma semana internada, fazendo exames de sangue frequentes para acompanhar possíveis efeitos da picada.
Paola recebeu alta depois que seus rins foram considerados "fora de perigo". Ela voltou para casa apenas com o pé inchado.
Depois de se recuperar, Paola voltou a morar no acampamento e, nos anos seguintes, retornou ao projeto como visitante, participando inclusive das trilhas.
É importante saber se a cobra é peçonhenta e aplicar o soro o mais rapidamente possível para reduzir as sequelas. Caso não seja possível transportar o bicho, uma foto ajudará na identificação.