Negra Li e Stefanie fazem noite memorável do rap no TOCA Sessions, em SP
11/10/2025 11h15
O segundo TOCA Sessions chegou pesado no vocal e na rima com Negra Li e Stefanie, no Cine Joia, em São Paulo, nesta sexta-feira (10).
A noite foi memorável — e com razão. No palco, duas grandes referências do rap brasileiro. Negra Li e Stefanie não são apenas vozes potentes da cena: são artistas que ajudaram a escrever a história das mulheres no rap quando tudo ainda era mato.
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Negra Li apresentou o show baseado em "O Silêncio que Grita", seu primeiro disco em sete anos. No palco do Joia, ela sintetizou sua trajetória — do RZO nos anos 1990 às telas do cinema e da TV — e reafirmou sua voz como uma das mais importantes da música brasileira.
A prova estava nos vocais tinindo em cada hit. Negra Li revisitou sucessos dos anos 2000, como "Você Vai Estar na Minha", e a recente "Vai na Fé", tema de abertura da novela homônima. O novo disco trouxe um flow fresco e contemporâneo, evidente em "Sambando" e na faixa-título.
"É por isso que eu subo ao palco, eu escrevo, eu canto. Quem está cansado desse mundo fake?", provocou antes de apresentar "Fake", também do novo álbum.
Em "Direito de Amar" e "Retrovisor" — que no novo disco têm participações de Liniker e Gloria Groove, respectivamente —, Negra Li mostrou que, aos 30 anos de carreira, é uma cantora de afinação rara.
E uma exímia rapper. Num medley, ela conectou "Brasilândia" e "Exército do Rap", parceria com Helião, e ainda incluiu "Killing Me Softly with His Song", imortalizada por Roberta Flack e pelos Fugees, na voz de Lauryn Hill. Cantada ao lado dos backing vocals, Negra Li emocionou a plateia no final de uma noite de celebração.
Stefanie e a história do rap que não surgiu há 5 anos
Antes, a história das mulheres no rap já havia ganhado novo capítulo com o show de Stefanie — MC, rapper e compositora que apresentou em São Paulo o repertório de "Bunmi", seu primeiro disco solo, lançado após duas décadas de carreira.
Na plateia, o rapper Kamau assistia da linha de frente à apresentação da amiga. No palco, Stefanie estava acompanhada de DJ Negrito e da backing vocal Ieda Hills, pioneira do rap vinda de Santo André, no ABC paulista.
"Existe uma história. E essa história não está sendo contada. O rap não começou há cinco anos", disse, emocionada.
A intensidade era tanta que Stefanie precisou reiniciar a primeira música, "Fugir Não Adianta", após se emocionar logo nos primeiros versos. "Coração aberto pra celebrar essa sexta-feira. Peço pra vocês que estejam entregues", pediu à plateia.
Em "Desconforto", uma das mais festejadas, mostrou por que é referência pela métrica e flow originais — marcas que já emprestou para gravações com Emicida e coletivos como Rimas & Melodias.
"De todas opções, preferi fazer canções / Minha escolha foi de ser uma Mulher MC", cantou em "Mulher MC", resumindo o próprio destino.
O antes e o depois da festa ficaram nas mãos de Larinhax, DJ nascida e criada em Queimados, na Baixada Fluminense. Do underground ao mainstream, ela já colaborou com Ebony, Slipmami e Deize Tigrona — e, no Joia, fez o público ferver com um set que costurou o rap e o funk em todas as suas camadas.
Foi o encerramento perfeito para uma noite em que o TOCA celebrou o poder, a memória e o futuro das mulheres no rap.