De Simone Mendes ao público: São João de Campina Grande é memória viva

Uma das grandes atrações do terceiro fim de semana de São João de Campina Grande, Simone Mendes tem uma história longa com a tradicional festa junina.
Enrolada num roupão, a cantora, conhecida pelo show potente e despojado, se entrega às memórias de forma afetiva pouco antes de subir ao palco.
"Mesmo pequenininha eu sempre ia cantar com minha irmã na minha cidade e cidades vizinhas, mas eu queria dançar quadrilha. Fui campeã de dançarina de forró, tenho memórias lindas desse momento da minha vida", relembrou em entrevista ao TOCA.
Na sexta-feira (14), Simone segurou o público na mão no Parque do Povo, por onde passaram 137 mil pessoas apenas naquele dia.
É assim todo ano na principal festa de São João na Paraíba, quando os moradores de Campina Grande, da capital João Pessoa e turistas de todo o Brasil invadem o espaço, repleto de atrações, restaurantes, palcos (entre eles, um quadrilhódromo, onde, além de competições, foi celebrado um casamento coletivo).
A quantidade de ativações de marca impressiona: é como andar por uma versão junina do Rock in Rio. Só que, em vez da Cidade do Rock, a sensação é de estar na Cidade do Forró (e seus derivados) — onipresente nos oito palcos espalhados pelo parque.


O público no palco principal reagiu em coro e surpreendeu a cantora com presentes inusitados: uma galinha ("É a primeira vez que eu ganho isso", disse Simone, agarrando o novo 'pet'), um vibrador e um conjunto de Tupperware.
O clima de diversão que muitos festivais grandes (e pagos) buscam é apenas um dia normal no São João de Campina Grande, onde ela diz que faz shows com mais emoção.
"É uma época que todo nordestino espera", diz. "Quando chega junho, os balões se acendem, a fogueira se acende, as comidas típicas chegam, a lavoura floresce, é um momento de muita felicidade. É a coisa mais linda da vida."


A memória afetiva musical, ela diz, também fica mais fresca. "Teve uma época que o Mastruz com Leite gravava muita coisa de São João. Eu tenho muitas lembranças desse CD, e é engraçado porque essa memória é viva, sempre que a gente está em algum lugar, tem uma banda tocando essas músicas e a gente acaba voltando ao passado."
Para Luan Estilizado, que entrou na sequência de Simone, dessa vez com o projeto À Vontade - com Raí Saia Rodada e Zezo -, é uma emoção parecida. "O primeiro show de São João que fiz foi aqui. Nem teve cachê. Até hoje estou em todas as edições, desde quando comecei", diz o cantor que começou a carreira na banda Forró Estilizado.
O último final de semana encerrou com drones desenhando no céu o rosto de Luiz Gonzaga, e shows de Alok, Joelma, Barões da Pisadinha e Mastruz com Leite - o mesmo que marcou as memórias de Simone.
O 'maior' São João
O apego de artistas como Simone e Luan, que contaram com a festa para o seu desenvolvimento artístico, encontra eco em Campina Grande, onde a festa acontece em proporções monumentais há mais de 40 anos — a primeira edição foi em 1983, o que deu à festa o título de 'Maior São João do Mundo'.

Durante os mais de 30 dias de festa, o espaço recebe artistas de diferentes gêneros e públicos de todas as idades — de avós a netos, de fãs que querem curtir os grandes shows até quem vai apenas para aproveitar os restaurantes e barracas.
Mesmo quando o palco principal é dominado por atrações do sertanejo, do funk, do pop ou do piseiro, os outros espaços mantêm a tradição viva com trios e bandas que seguem fazendo o povo dançar ao som do ritmo nordestino.
* O repórter viajou a convite da Natura
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