Após 7 anos, Negra Li volta com novo álbum: 'Tive autonomia e liberdade'

Negra Li lançou na noite de quinta-feira (29) seu quinto álbum de estúdio, "O silêncio que grita". O primeiro álbum de inéditas em sete anos conta com participações mais que especiais de Djonga, Gloria Groove e Liniker. Ao TOCA, ela falou como foi a construção do disco.

Foram mais ou menos uns 7/8 meses para gente fazer o 'camp' e completar o que faltava de música, pra gente fazer a parte criativa. Mas foi um processo bem gostoso, porque eu tive uma autonomia. Tive liberdade para falar, para compor, para produzir da forma que eu achava que tinha, pra conduzir toda a produção da forma que eu achava. E eu tava com saudade de fazer esse som, de trazer mais boom bap Negra Li em entrevista ao TOCA

Identidade valorizada para celebrar 30 anos de carreira

A artista reflete sobre a própria identidade e momento atual: "Esse disco, ele traz tudo que é meu, tudo que sou eu. Muita raiz, muito africanismo, muita identidade, muita verdade dentro desse disco, muitos assuntos politizados também, que eu acho muito importante, porque, afinal de contas, nós estamos vivendo em épocas difíceis e que a gente acreditou por um tempo que estava tudo melhorado, que estava tudo bem, mas a gente sabe que não está."

"Tem afrobeat, que é uma coisa que eu gosto muito, que é o tipo de música que eu vou logo ouvir", conta dizendo que precisava dessa sonoridade para completar o disco.

Trazendo empoderamento feminino nas canções com Liniker e Gloria Groove, Negra Li diz estar feliz com o resultado: "[Nele tem] tudo o que eu queria dizer, está bem sincero, está bem eu, tá muito Negra Li. Então, eu estou muito feliz".

Do álbum, saíram três clipes: de 'Black Money', 'Fake' — ambas já lançadas — e o terceiro 'Olha O Menino 2.0'. Este último é uma colaboração com Djonga: "É uma versão da música 'Olha o Menino' que eu lancei em 2004, que o Helião escreveu e que tivemos a ideia de fazer a continuação dessa história. O que aconteceu com esse menino? Quem que pode ser esse menino? Quantos anos tinha esse menino em 2004? Então a gente pesquisou. Djonga foi o primeiro nome. Quando eu vi que ele tinha 10 anos de 2004, eu falei: 'é ele'".

A gente queria contar a história do menino que venceu, lógico, passando por toda a realidade triste que ainda acontece com os meninos pretos, com os homens pretos, pessoas pretas dentro do nosso país, com esse sistema genocida. Ter o Djonga nessa música foi especial demais. Tinha que ser ele, deu match Negra Li sobre o feat com Djonga

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Na faixa 'Direito de Amar', Liniker é uma das convidadas. Nas palavras de Negra Li: "Tinha tudo a ver com ela e graças a Deus ela conseguiu me atender, gravar e participar. Ficou muito mais especial".

A gente fala um pouco a respeito, assim, de um jeito sutil, sobre a solidão da mulher preta também, sobre o amor entre pessoas pretas. Eu acho isso muito legal, muito bom ser falado. E a Liniker era a pessoa para contar essa história, sobre esse sentimento de quando você encontra um amor que se conecta com você, que vive as dores que você vive Negra Li sobre feat com Liniker

A terceira faixa com participação especial é 'Retrovisor', com Gloria Groove: "Essa música eu gravei com ela há muito tempo e eu guardei, ainda bem que eu guardei para esse álbum. Foi uma música que tem a ver com uma história pessoal minha (...) É uma coisa que você olha, que já foi, aprende com ela e segue em frente. Então [entra] a Gloria Groove também com a voz. Maravilhosa".

Eu estou na melhor fase da minha vida, sabe, 45 anos, muito bem vividos, quase 30 anos de carreira. Então eu acho que eu merecia esse trabalho, bem completinho, bem bacana pra vocês. Eu sei que vocês esperaram bastante também Negra Li

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