C6 Fest começa em SP com encontro entre jazz, raízes e música paquistanesa

A abertura do C6 Fest 2025, marcada por uma programação jazzística no auditório projetado por Oscar Niemeyer, no Ibirapuera, remete às raízes do icônico Free Jazz Festival, também produzido pela Dueto. De 1985 a 2001, o festival fez história na música ao vivo em São Paulo e no Rio, trazendo lendas como Chet Baker, BB King e até nomes da música eletrônica, como Fatboy Slim.

Entre seus marcos, esteve a aguardada vinda de Miles Davis em 1988, cancelada dias antes por problemas de saúde —um episódio que se repetiu neste ano com Mulatu Astatke, que sofreu uma parada cardíaca e teve que cancelar sua participação, sendo substituído pelo lendário Joe Lovano.

Assim os trabalhos do C6 Fest começaram na noite de quinta (22) com a apresentação de Joe Lovano com formação de quinteto, acompanhado por contrabaixo acústico, saxofone tenor, piano e bateria.

Com repertório centrado no álbum "Tenor Legacy", um marco em sua discografia, Lovano fez uma apresentação do que conhecemos de mais clássico de jazz contemporâneo, cheio de tensões e solos belíssimos.

No C6 Fest, Joe Lovano fez shows com formação de quinteto, acompanhado por contrabaixo acústico, saxofone tenor, piano e bateria.
No C6 Fest, Joe Lovano fez shows com formação de quinteto, acompanhado por contrabaixo acústico, saxofone tenor, piano e bateria. Imagem: Rodrigo Gianesi/UOL

Na sequência teve a estreia de Amaro Freitas acompanhado por um septeto. Este foi um formato inédito que elevou o repertório do quarto álbum de estúdio do pianista pernambucano, "Y'Y", lançado no ano passado.

Com referências da música amazônica e da cultura brasileira do Norte, este disco de Amaro é um trabalho que une perfeitamente o jazz contemporâneo com as raízes da música ancestral brasileira.

Amaro Freitas durante show no C6 Fest, na quinta (22), no Auditório Ibirapuera, em São Paulo
Amaro Freitas durante show no C6 Fest, na quinta (22), no Auditório Ibirapuera, em São Paulo Imagem: Rodrigo Gianesi/UOL
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As composições de Freitas ganharam uma vida diferente das gravações e de outras performances solo ou em trio que já foram feitas.

A base do show foram contratempos grandiosos para construir tensões e camadas sonoras, e o destaque do concerto foi a estreia da "Suíte Amazônica" em tributo às águas do Norte e ao "grande Naná Vasconcelos".

Apesar do tom mais sério de suas músicas, Arooj Aftab foi muito descontraída no C6 Fest 2025
Apesar do tom mais sério de suas músicas, Arooj Aftab foi muito descontraída no C6 Fest 2025 Imagem: Rodrigo Gianesi/UOL

Para encerrar a primeira noite do C6 Fest, a artista Arooj Aftab fez uma performance intimista. Nascida na Arábia Saudita, com pais paquistaneses, e radicada nos Estados Unidos, Arooj Aftab une jazz, folk e a música regional, equilibrando letras em inglês e em urdu.

Apesar do tom mais sério de suas músicas, Aftab foi muito descontraída em suas interações com o público, chegando até a declarar que o Brasil é um de seus lugares favoritos no mundo, mesmo sendo a sua primeira vez se apresentando em São Paulo, pois a cantora já veio para cá de férias.

Após as primeiras músicas Aftab ofereceu doses de uísque, com o aviso para um consumo moderado, para esquentar seu público, dando um tom mais divertido à sua ótima performance.

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Assim se encerrou o primeiro dia de apresentações no C6 Fest, que continua se provando um festival de curadoria e execução impecáveis.

Opinião

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