Adaptando Coachella em SP, Alok aborda IA e Amazônia: 'Cultura nos protege'

Após apresentação repleta de elogios nos dois dias do Coachella, Alok adapta show em São Paulo com edição especial da turnê Áurea, no estádio do Pacaembu. Apresentação será em 28 de junho.
O vai rolar
Apresentação vai contar com integrantes do Urban Theory, dançarinos que também estiveram no Coachella no mês passado. Além deles, artistas indígenas do movimento "O Futuro É Ancestral" e convidados especiais integrarão o show como parte dos motes "Keep Art Human" (mantenha a arte humana) e "Art Needs Soul" (arte precisa de alma).
A IA (Inteligência Artificial) e seus limites são algumas das provocações que o artista quer trazer ao público como conscientização: "A cultura sempre nos protege. Eu falei, 'tá na hora de a gente proteger a cultura'. O Keep Art Human é muito sobre isso. A gente não trata a tecnologia como inimiga. A gente trata ela como uma grande aliada. Inclusive, eu sou uma prova viva de que a tecnologia é uma grande aliada na minha carreira. Mas ela não é uma substituta".
Alok teve menos de dois meses para preparar algo que trouxesse a questão da inteligência artificial para o debate no Brasil. Ele quer dizer, sobretudo aos jovens, uma mensagem de que os humanos não são substituíveis em um show pós-Coachella —o de São Paulo, em junho. Ingressos estão à venda a partir de R$ 70,00.
Alok reconhece que show no Coachella trouxe muitas mensagens: "Nos ensaios, comentavam que era IA. E aí é tão louco você parar pra pensar que hoje em dia a gente parte de uma premissa de que o ser humano não é capaz de fazer aquilo, só se fosse AI. A partir do momento que eu vou na performance, a gente apresenta aquilo ao vivo, com o corpo humano, as pessoas falam 'caraca, isso é muito legal'."
Teve gente que assistindo, achava que era ainda AI, ou alguma computação gráfica. Alok, durante entrevista a jornalistas

Nem todos integrantes do Urban Theory estarão em São Paulo. Dançarinos serão treinados para ter uma base no Brasil. O mesmo deve ocorrer em outros países como a Itália, na Europa: "O Urban Theory, é crucial também para a viabilidade do projeto. Além de tudo isso, eu acho que eles têm uma linguagem, que é uma linguagem muito atual que funciona".
É um momento importante de resistência, sim, da gente se posicionar. Nós como artistas, a gente tem, na minha opinião, uma responsabilidade muitas vezes de fazer uma manutenção da cultura, de jogar a cultura para frente. (...) O problema hoje da IA é que ela tem um comportamento que não se tem muitos debates sobre a segurança como um todo. Alok
Nem quem inventou a IA sabe quais são as consequências. Então, a partir dessa premissa, quando ela já começa a atingir diretamente a minha área, que é a cultura, a arte e tal, eu preciso vir aqui de alguma maneira e tentar me posicionar também como uma forma de resistir a isso e tentar integrar. [Não sou contra] Eu sou só contrário à forma como está sendo desenvolvido, poderia ser com mais conscientização. Alok

Porta-voz de causas indígenas e da Amazônia?
"Eu não me vejo como porta-voz, de forma alguma, porque eles já têm a voz", explica. "Eu me vejo como uma pessoa que potencializa as vozes deles como uma plataforma."
Alok acrescenta que é apenas instrumento para ampliar a causa e a demanda dos povos amazônicos com a visibilidade que possui: "É claro que naquilo que condiz a minha carreira, quando sou perguntado, eu dou as minhas opiniões, mas em relação à cultura indígena, um aspecto singular, eu sou uma pessoa que potencializa as vozes deles".
Muitas vezes, a gente tá em vários lugares e, aí, ao invés de eu falar, eu digo 'não cara, eu posso falar um pouco, mas a gente tem que ouvir o que eles têm a dizer também, porque eles estão lá integrados'. Alok
Show no Pacaembu vai ter o bloco do Futuro Ancestral, que, conforme Alok, vai além do Instituto Alok: "É uma questão de propósito mesmo, uma vez que a gente é transformado através de IA, a gente passa a entender e compreender a importância da preservação da natureza e, enfim, dos povos indígenas que preservam ali. E é um projeto que traz um aspecto de a gente trazer o pop para a música indígena."
Fora as músicas do projeto, Alok afirma que também foram gravadas 115 músicas tradicionais para preservar a cultura deles também: "Eu sinto essa responsabilidade, digamos, não é pressão, eu gosto de estar sempre buscando inovação no show. (...) É muito importante a preservação da floresta para a preservação da espécie humana como um todo."

Em São Paulo, Alok diz que vai ser possível fazer algo que no Coachella não deu, devido à luz do dia: "Basicamente a gente vai integrar eles com luz, eles com drones, com lasers, eles vão ativar várias coisas aí. Então, no fundo, o que eu quero dizer é assim: eu sou um artista que usa muita tecnologia ao meu favor. [Mas se tratando no meio artístico] É muito fácil os artistas menores serem substituídos muito rapidamente."
Propósito
Shows de Alok no Brasil com a turnê ocorrem junto com o projeto Floresta Áurea. O objetivo é restaurar uma área degradada com o bioma da cidade/estado em que está fazendo o show. No caso de São Paulo, uma área de Mata Atlântica.
O DJ levanta uma provocação: "Falamos sobre preservar a floresta e o futuro e nos perguntamos qual mundo estamos deixando para nossos filhos. Mas esquecemos de perguntar quais filhos estamos deixando para nosso mundo."
Para Alok, não adianta deixar o mundo pautado sobre sustentabilidade se a nova geração não se valorizar e querer um mundo mais sustentável. O debate pode ser estendido para áreas como a de Inteligência Artificial: "Não adianta nada deixar o mundo e dizer que entendemos que IA pode ser um risco para a criação da arte, mas a nova geração não está preocupada. O ponto sempre é trazer a conscientização."
Nosso maior desafio hoje é valorizar a arte por trás da criação. Em pouquíssimo tempo [com a IA], a arte mais do que nunca vai ser um ato de resistência. Fazendo arte é a forma que moldamos o imaginário coletivo de uma sociedade inteira. Alok
AUREA Tour - Keep Art Human
Quando: 28 de junho, a partir das 17h
Onde: Estádio do Pacaembu
Quanto: a partir de R$ 70
Ingressos à venda pelo site da Ingresse.
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