Caos e desordem na despedida do System of a Down em São Paulo. E isso é bom

O System of a Down encerrou sua passagem pela América do Sul na noite desta quarta-feira (14), no autódromo de Interlagos, em São Paulo, com um show que só pode ser descrito como caótico. No bom e no mau sentido.
No mau, porque não existe outra maneira de imaginar a peregrinação de 70 mil pessoas —-segundo a organização— quase ao mesmo tempo a um local distante do centro da capital, em horário de pico: trânsito entupido nas avenidas e vias que levavam ao autódromo e uma jornada de até 3 horas para chegar até lá.
A saída também não foi um passeio no parque: uma massa de gente se espremendo pelos corredores cercados por tapumes que levavam da área do palco até os portões, num trajeto de quase meia hora para sair e então deparar-se com mais trânsito, trens e ônibus lotados e a tarefa quase impossível de conseguir um Uber para quem preferiu deixar o carro em casa.
Mas pergunte a um dentre as dezenas de milhares de fãs, de todas as idades, gêneros, raças e gostos musicais que estiveram por ali na noite de lua (quase) cheia deste 14 de maio e a resposta mais provavelmente será a de que a experiência foi histórica.
Caótica, também, mas agora no bom sentido. Isso porque o que o System of a Down transmite de cima do palco e que contagia os fãs da grade até a fila do fundão é exatamente isso: uma rajada sonora poderosa e cadenciada que impede que qualquer um fique com os pés fincados no chão por boa parte do show.
As tradicionais rodas de pogo —ou moshes— pipocavam ao longo de toda a pista, iluminadas por sinalizadores carregados por fãs (que sabe-se lá como passaram pela revista na entrada) e incentivadas pela própria banda durante a festa.

"Let's get this spinning around!" [vamos fazer esse negócio girar, numa tradução literal], atiçava o guitarrista Daron Malakian de cima do palco, enquanto a banda puxava porradas como "Sugar" e "Toxicity", cujo refrão não deixa dúvida das intenções do grupo com a faixa: "desordem, desordem, desooordem".
Houve, claro, quem reclamasse de esbarrões, cotoveladas e eventualmente possa ter acordado com algumas marcas roxas nos braços e pernas, mas a sensação de quem estava na pista era a de que, em meio àqueles rodamoinhos enormes que se formavam no meio do público, praticamente todos estavam se divertindo horrores.
Apesar dos perrengues e embora tenha sido a última das três que fez em São Paulo, a apresentação de Interlagos talvez tenha sido a melhor. Não só pelo número de pessoas —superando as 50 mil de cada noite no Allianz Parque—, mas também porque contou com um setlist generosíssimo de nada menos que 39 faixas, com direito a hits de todos os álbuns da banda e até cover de George Michael ("Careless Whisper").
Setlist
- 1. X
- 2. Attack
- 3. Suite-Pee
- 4. Prison Song
- 5. Violent Pornography
- 6. Aerials
- 7. Mr. Jack
- 8. I-E-A-I-A-I-O
- 9. Genocidal Humanoids
- 10. ADD
- 11. 36
- 12. Pictures
- 13. Highway Songs
- 14. Needles
- 15. Deer Dance
- 16. Solider Side - Intro
- 17. Soldier Side
- 18. B.Y.O.B.
- 19. Radio / Video
- 20. Bubbles
- 21. Dreaming (Ponte)
- 22. Hypnotize
- 23. ATWA
- 24. Bounce
- 25. Suggestions
- 26. Psycho
- 27. Chop Suey
- 28. Lost Ib Hollywood
- 29. Careless Whisper
- 30. Lonely Day
- 31. Streamline
- 32. Mind
- 33. Spiders
- 34. Forest
- 35. Cigaro
- 36. War?
- 37. Roulette
- 38. Toxicity
- 39. Sugar
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