Opinião: Anitta leva festival ao delírio com show raro de funk rave
"Boa noite, Brasil!" Foi assim que a maior artista do nosso país na atualidade subiu no palco do Rock The Mountain, na noite de domingo (10).
Como em um jogo de War, Anitta entende que escassez também é distinção e, pela primeira vez, apresentou o elogiado show "Funk Generation" em terras brasileiras, após rodar a Europa, Estados Unidos e América do Sul.
É o trabalho mais relevante da carreira de 14 anos. Nos últimos tempos, ela tem se dedicado à expansão internacional, através das inúmeras colaborações com artistas de língua espanhola.
Para crescimento de público e abertura de novos mercados, Anitta passeou pelo reggaeton e pop eletrônico, mas nunca largou o funk. Parece apenas que esperou a hora certa pra carregar as tintas no ritmo que lhe é caro e a distingue de toda a miríade globalizada do pop.
Só uma funkeira carioca poderia fazer isso — e, por isso, ver o show acontecer no Rock The Mountain, na serra fluminense, tem sabor especial de repatriação do ouro levado.
Com grades e gaiolas por todo o palco, Anitta esteve com mais de vinte dançarinos e bailarinas, muitos com a cantora desde o início da sua carreira.
O espetáculo é bem urbano e 'dark' — inclusive a sonoridade muitas vezes navega do funk ao rock, bem distante de outras camadas fofinhas do pop internacional que miram em um público mais adolescente.
É interessante como esse conceito mais pesado também quebra o estereótipo de um Brasil colorido e solar - uma narrativa que pode estar em Berlim, em Nova Iorque, em qualquer meca da noite do planeta.
É uma atualização muito precisa de uma narrativa cultural brasileira: o funk que entra de vez na rave. Tudo é hipnotizante, hiperestimulante, voluptuoso.
A versão do show gringo foi adaptada para o Brasil com a adição dos hits dos primeiros álbuns da cantora, um presente para os fãs que colaram na grade logo de manhã
O Festival Rock The Mountain acontece em mais um fim de semana em Itaipava, e segue impecável como experiência de festival no Brasil, com shows, pista, estética e estrutura que poucos conseguem acertar. Aos fãs da cantora, é a chance (por enquanto rara) de ver o 'Funk Generation' nos palcos em versão turbinada.
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