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Deu Tilt #2: Meu filho vai imprimir drogas em casa?

De Tilt, em São Paulo

09/03/2020 04h00

A impressão 3D vai impactar a medicina muito antes do que você imagina. Convidamos dois especialistas em órgãos artificiais e os chamados "clones sintéticos" para o segundo episódio do nosso podcast de ciência e tecnologia, o "Deu Tilt" (ouça no arquivo acima o programa). Nele, o colunista Ricardo Cavallini, o Cava, conduz um papo com Janaina Dernowsek, CEO da BioEdTech e da Bio.inn, especialista em impressão de tecidos, e Bruno Aragão Rocha, médico radiologista do time de inovação do Grupo Fleury.

Eles conversam sobre a maturidade do mercado para incorporar essas novas tecnologias. A popularização também torna os avanços mais aceitáveis pelas pessoas e mais acessíveis —hoje, diz o médico, o preço de uma prótese impressa varia muito, de acordo com o material e escala, mas pode variar de R$ 400 a R$ 4.000. (a partir de 3:20 no arquivo do programa acima)

"Hoje a impressão 3D para planejamento cirúrgico, especialmente na área ortopédica, já é uma realidade. Conversava com ortopedistas seis anos atrás e poucos sabiam o que era impressão 3D, hoje é uma rotina. A gente presta o serviço de impressão 3D para ortopedistas baseado na tomografia, consegue entregar uma peça que é uma réplica do osso do paciente. Eles planejam a cirurgia, inclusive simulam cirurgia nessa peça", diz Aragão. (a partir de 3:58)

"Eliminou aquela coisa de que somente uma pessoa com habilidade artesanal faz um processo que demora quase uma semana. Agora você faz uma prótese sob medida para o paciente, e qualquer adolescente consegue usar os materiais." (a partir de 6:35)

Para as faculdades de medicina, que têm dificuldade de achar mortos para todos os estudantes praticarem e estudarem anatomia, isso também é uma inovação importante. Embora ainda seja um mercado restrito, a técnica está avançando rápido para cirurgias crânio-faciais. (a partir de 9:32)

Nos Estados Unidos, já é possível fazer medicamentos, ou seja, pílulas de remédio, na impressora.

"É esquisitíssimo pensar que daqui há, sei lá, dez anos minha filha pode estar pegando receita na escola, imprimindo droga em casa", comenta Cava, especialista em impressão 3D e cultura maker. "Já tem gente criando o próprio líquido para usar no vape [cigarro eletrônico], então não é uma maluquice de pensar que a molecada poderá imprimir drogas em casa." (a partir de 8:25)

Por outro lado, pontua ele, isso significa também que os jovens poderão fazer remédios para dores de cabeça adequados para eles, já que hoje os medicamentos são feitos para uma média da população."Eu acho a capacidade de conseguir customizar o tratamento para aquele paciente um grande benefício, a personalização, a individualização do tratamento...."

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Referências citadas: