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Por que é possível 'ouvir' alguns GIFs silenciosos? A ciência explica

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Imagem: iStock

Heather Murphy

29/12/2017 04h00

Neste mês, em uma improvável sequência de eventos, o som do silêncio se tornou viral. Um GIF animado mostrando uma torre elétrica pulando corda em linhas de energia incrivelmente curvadas começou a se espalhar.

O frenesi começou quando Lisa Debruine, uma pesquisadora no Instituto de Neurociência e Psicologia na Universidade de Glasgow, perguntou para os usuários do Twitter em uma pesquisa sem valor científico se eles ouviam a imagem --que, na verdade, não tem som, como a maioria dos GIFs animados.

Quase 70% dos que responderam disseram que ouviam. Mas é possível ouvir de verdade algo que não emite som? Certamente, disse Chris Plack, professor de audiologia no Centro de Audiologia e Surdez de Manchester, que pesquisa reflexos acústicos e processamento auditivo.

"Ouvir", na sua definição, não requer ruído externo, mas sim ter a experiência de um som.

Ao longo dos últimos anos, Elliot Freeman e Chris Fassnidge, pesquisadores de neurociência cognitiva da Universidade de Londres, estudam o que chamam de "resposta auditiva evocada visualmente" ou vEAR visual, na sigla em inglês.

A capacidade de vEAR não se limita a cenas em que se poderia esperar ouvir um ruído, dizem eles. Um estudo de laboratório descobriu que mais de 20% das pessoas podiam ouvir luzes intermitentes em vídeos silenciosos. Uma série de movimentos, padrões abstratos e mesmo cores evocam som para alguns.

Rob Desalle, geneticista evolucionário e curador da exposição Our Senses (Nossos Sentidos) no Museu Americano de História Natural, chama isso de "ilusão inteligente causada pelo preenchimento".

"Nossos cérebros veem isso e dizem: 'Uau, uma torre desse tamanho pulando para cima e para baixo deveria estar fazendo barulho'", disse ele. Então ouvimos um som.
Fassnidge concordou que há algo sobre o GIF das torres que torna particularmente fácil imaginar qual deveria ser o som. A audição visual costuma ser "interseção de percepção, memória e imaginação todas juntas", disse ele.

Mas por que algumas pessoas têm vEAR muito mais avançado que outras? A teoria do trabalho de Freeman e Fassnidge é que o grau em que se pode ouvir com base em imagens provavelmente tem a ver com o quanto as "áreas visuais e auditivas de uma pessoa 'conversam' uma com a outra" no cérebro.