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Grande Mancha Vermelha de Júpiter é 50 vezes mais profunda que nosso oceano

(NASA/JPL-Caltech/The New York Times
Imagem: (NASA/JPL-Caltech/The New York Times

Kenneth Chang

Em Nova Orleans (EUA)

28/12/2017 04h00

A Grande Mancha Vermelha de Júpiter não é apenas uma marca de beleza superficial. Pelo contrário, a icônica tempestade ocorre, no mínimo, a 300 quilômetros abaixo das nuvens e, provavelmente, muito mais profundamente.

Essa é uma das últimas descobertas de Juno, a nave da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) que passou em meio à tempestade em julho.

A Juno foi concebida para ver abaixo das nuvens de Júpiter, o maior planeta do sistema solar, e suas observações aumentaram a noção dos cientistas sobre como se comporta uma grande esfera de hidrogênio. Mas ainda não chegaram a uma nova compreensão de Júpiter.

"Só sabemos o suficiente para sabermos que estávamos errados", disse Scott Bolton, cientista do Southwest Research Institute em San Antonio, Texas e principal pesquisador da missão. Os cientistas apresentaram suas descobertas mais recentes na última semana no encontro da União Geofísica dos Estados Unidos, em Nova Orleans (EUA).

Antes da Juno, os astrônomos só conseguiam observar os giros das nuvens de cima da Grande Mancha Vermelha, que tem mais de 16 mil quilômetros de largura --grande o suficiente para engolir a terra.

No ano passado, cientistas usando um telescópio infravermelho no Havaí afirmaram que a atmosfera entre 550 e 950 quilômetros acima da mancha é excepcionalmente quente, com temperatura média de 1.300º C. Mas ninguém sabia o que acontecia abaixo das nuvens.

Um instrumento da Juno mede emissões de micro-ondas, que atravessam as nuvens para o espaço. Regiões mais quentes geram mais micro-ondas, e a região abaixo da Grande Mancha Vermelha era ainda mais quente, mesmo 320 quilômetros abaixo, o mais profundo que o instrumento pode ver. O calor imenso provavelmente explica a fonte de energia que impulsiona a tempestade.

Andrew P. Ingersoll, professor de Ciência Planetária no Instituto de Tecnologia da Califórnia e membro da equipe da Juno, percebeu que as raízes da Grande Mancha Vermelha são entre 50 e 100 vezes mais profundas que os oceanos terrestres.

"É definitivamente mais quente do que o entorno, mas sua profundidade ainda precisa ser descoberta", disse Ingersoll.