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Embriões clonados geram células-tronco para curar diabetes

Sharon Begley

De Nova York

28/04/2014 16h53

Agora são três: na esteira dos laboratórios do Oregon e da Califórnia que anunciaram ter criado embriões humanos clonando células de pessoas vivas, um laboratório de Nova York anunciou nesta segunda-feira (28) ter feito isso e muito mais.

Além de clonar as células de uma mulher com diabetes e produzir embriões e células-tronco que são suas cópias genéticas perfeitas, os cientistas fizeram as células-tronco se transformarem em células capazes de secretar insulina.

Isso despertou esperanças de se realizar um sonho de longa data das pesquisas com células-tronco, a saber, criar células de reposição específicas para pacientes com diabetes, Mal de Parkinson, defeitos cardíacos e outras moléstias devastadoras.

Mas também deixou implícito que o que a Igreja Católica e defensores do direito à vida vêm alertando há tempos pode ser iminente: a criação científica de embriões humanos a pedido.

A trinca de sucessos "aumenta a probabilidade de que embriões humanos sejam produzidos para gerar terapia para um indivíduo específico", disse o professor associado de bioética Insoo Hyun, da Universidade Escola de Medicina Case Western Reserve, em Cleveland, nos Estados Unidos. E "a criação de mais embriões humanos para experimentos científicos é certa".

O progresso acelerado na pesquisa com células-tronco embrionárias começou em maio passado. Os cientistas, liderados por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, relataram ter criado embriões humanos saudáveis nos primeiros estágios da vida - esferas ocas de cerca de 150 células - pela fusão de óvulos com células de um feto, em um experimento, e de uma criança em outro.

No início deste mês, cientistas do Instituto de Células Tronco CHA, em Seul, na Coreia do Sul, anunciaram ter obtido o mesmo feito com células de pele de dois homens adultos.

Em cada caso, os cientistas usaram uma versão da técnica que criou a ovelha Dolly em 1996, o primeiro clone de um mamífero adulto. Chamada de transferência somática de núcleo celular (Scnt, na sigla em inglês), a receita exige que se remova o DNA nuclear de um óvulo, fundindo-o com uma célula de uma pessoa viva e estimulando cada óvulo a começar a se dividir e multiplicar. O embrião resultante inclui células-tronco que podem se tornar qualquer tipo de célula humana.

Embora isso soe bastante simples, enormes obstáculos técnicos impediram os cientistas de obter Scnt humano durante mais de uma década de tentativas.

Agora que têm uma receita confiável, incluindo os nutrientes certos para manter os ovos e a cronometragem certa para começar sua divisão, eles têm "uma maneira reproduzível e confiável para criar células de reposição específicas para pacientes via clonagem", disse o doutor Robert Lanza, cientista-chefe da Tecnologia Avançada de Células e co-autor da monografia do Instituto CHA.