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Japonês Yamanaka e britânico Gurdon ganham Nobel de medicina

Em Estocolmo

08/10/2012 07h37

O britânico John Gurdon e o japonês Shinya Yamanaka conquistaram o prêmio Nobel de medicina e fisiologia de 2012 por pesquisas que revolucionaram o entendimento de como as células e os organismos se desenvolvem, anunciou a organização responsável pelo prêmio nesta segunda-feira (8).

"Essas descobertas revolucionárias mudaram completamente nossa visão sobre o desenvolvimento e especialização das células", disse o comitê do Nobel do Instituto Karolinska, da Suécia, em comunicado ao anunciar os vencedores do prêmio de 8 milhões de coroas (1,2 milhão de dólares).

O Nobel de medicina é o primeiro a ser entregue a cada ano. Os prêmios nas áreas de ciências, literatura e paz foram entregues pela primeira vez em 1901, seguindo a vontade do inventor do dinamite, Alfred Nobel.

"Pai" das células pluripotentes induzidas

Yamanaka, especialista em cirurgia ortopédica, conseguiu gerar em 2006 as células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) com características que, até então, os pesquisadores acreditavam que só possuíam as células-tronco embrionárias.

Suas primeiras conquistas chegaram a partir de células adultas obtidas da pele de ratos, e em 2007 conseguiu gerar com sucesso células iPS também a partir de células de pele humana.

A descoberta representou uma verdadeira revolução, ao tornar obsoleto o uso de seu equivalente natural, as células-tronco embrionárias - cuja obtenção envolve problemas éticos -, o que lhe valeu numerosos reconhecimentos. Yamanaka considera que a pesquisa das células iPS ainda está em seus passos iniciais, já que ainda se deve constatar que são seguras e eliminar os riscos antes de sua aplicação clínica.

Pioneiro das células-tronco e clonagem

Gurdon é um dos mais destacados biólogos do Reino Unido e é considerado pioneiro no campo das células-tronco e da clonagem

Junto com o japonês Shinya Yamanaka, Gurdon foi premiado hoje por ter descoberto como se podem "reprogramar" as células maduras para que se "transformem em células pluripotentes", capazes de transformar-se em qualquer tipo de tecido, o que "revolucionou" a compreensão de como se desenvolvem as células e os organismos.

Segundo o Instituto Karolinska de Estocolmo, Gurdon descobriu em 1962 que a "especialização das células é reversível".

A técnica utilizada em seu estudo do girino é considerada pioneira e ajudou ao desenvolvimento do estudo da clonagem, concretamente à criação da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado.