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Não durou! Algodão que nasceu em sonda chinesa na Lua já morreu

Imagem mostra semente de algodão brotando embaixo de uma camada protetora  - Foto CLEP
Imagem mostra semente de algodão brotando embaixo de uma camada protetora Imagem: Foto CLEP

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

16/01/2019 14h10

Sabe as sementes de algodão que brotaram no lado oculto da Lua, em um recipiente lacrado a bordo de uma sonda chinesa? Bem, era uma vez. A agência de notícias estatal Xinhua informou na terça-feira (15) que o "experimento terminou", o que significa que a plantinha teve pouco tempo de vida no satélite natural terrestre.

A missão chinesa Chang'e 4 foi a primeira a chegar ao lado oculto da Lua e também a pioneira na germinação de qualquer tipo de material biológico por lá - astronautas já conseguiram isso na Estação Espacial Internacional, mas não em outra superfície que não a da Terra.

"Nunca tivemos uma experiência dessas antes. E não podíamos simular o ambiente lunar, como a microgravidade e radiação cósmica", disse Xie Gengxin, designer-chefe do experimento e pesquisador da universidade de Chongqing.

A mini biosfera montada pelos chineses continha, além de algodão, sementes de colza, batatas e Arabidopsis, combinadas com ovos de moscas de fruta e leveduras. Apenas as sementes de algodão germinaram, o que já foi um acontecimento inédito. Mas Xie Gengxin explicou por que as outras espécies foram enviadas para a Lua.

O teste com as batatas partiram da lógica que elas podem ser uma fonte essencial de alimentação para futuros viajantes do espaço - o filme (e livro) "Perdido em Marte" sustenta essa tese. Já as Arabidopsis são plantas pequenas com um período de crescimento rápido. Xie ainda argumentou que as leveduras serviriam para regular o dióxido de carbono e oxigênio na mini biosfera, enquanto as moscas de fruta seriam consumidoras do processo de fotossíntese das plantas.

Todos os elementos passaram por um período de dormência de dois meses, desde as últimas checagens na Terra até a chegada da sonda no lado oculto da Lua, após 20 dias de viagem no espaço. Depois da aterrissagem no dia 3 de janeiro, os responsáveis pela missão ordenaram que a sonda irrigasse as plantas para dar início ao crescimento. Além da água, luz natural foi direcionada para dentro da mini biosfera.

No último domingo, a sonda da missão Chang'e 4 entrou no "modo soneca", que durará até o final da noite lunar, quando a temperatura pode chegar a -170ºC. Por causa desse procedimento, o experimento com as plantas foi encerrado.

A vida no contêiner (da mini biosfera) não sobreviveria à noite lunar

Xie Gengxin

A CNSA (agência espacial chinesa) informou que "os organismos vão se decompor gradualmente no contêiner e não afetarão o ambiente lunar".