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Após destruição do Museu Nacional, governo anuncia R$ 45 mi em recursos

Eduardo Miranda

Colaboração para o UOL, no Rio

13/12/2018 15h06

O governo federal vai destinar R$ 45 milhões em 2019 para a preservação e recuperação de prédios históricos, incluindo museus, do ensino superior. O anúncio foi feito pelo secretário-executivo do MEC, Henrique Sartori, durante coletiva de imprensa para dar detalhes sobre a recuperação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio no dia 2 de setembro.

No evento para detalhar o balanço das ações de apoio à recuperação do Museu Nacional, o MEC anunciou também a liberação de R$ 2,5 milhões da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para a manutenção de programas de pós-graduação da UFRJ que funcionam no local.

O representante do MEC disse que a equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, está "sensibilizada" e deve dar seguimento aos projetos.

Além dos R$ 45 milhões para instituições do país, há ainda repasses que poderão ser aprovados pelo Congresso Nacional. Um deles destina R$ 55 milhões ao Museu Nacional e faz parte de uma emenda coletiva aprovada em outubro pela bancada de parlamentares federais do Rio.

Na etapa emergencial, nos meses seguintes ao incêndio, a UFRJ, que faz a gestão do Museu Nacional, recebeu R$ 10 milhões, segundo o ministério. Outros R$ 5 milhões estão sendo investidos no trabalho de reconstrução e restauração do Paço de São Cristóvão e das bases para o novo Museu Nacional.

Etapas de recuperação e restauração

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, e o reitor da UFRJ, Roberto Leher, detalharam o cronograma e as etapas de recuperação das peças e restauração do edifício. A primeira etapa é de análise da situação, com avaliação dos escombros por meio de documentação visual, entrevistas com curadores e servidores sobre os materiais (acervo e mobiliário) e discussão sobre os procedimentos de intervenção. Na segunda etapa, equipes comandadas por arqueólogos fazem a coleta manual.

Segundo Leher, as intervenções iniciais de recuperação começam em 2019 e contarão com as emendas impositivas da bancada federal, emendas individuais, recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

No cronograma apresentado pelo reitor da UFRJ, a previsão é que o processo seja finalizado no final de 2021.

"Estamos na fase de escoramento do prédio, em que protegemos o edifício para entrar e fazer o salvamento. Não iniciamos o salvamento propriamente dito", contou Kellner:

De vez em quando, conseguimos fazer incursões para retirar algum material, como foi com o crânio da Luzia (fóssil humano mais antigo do Brasil) e com o Meteorito do Bendegó, mas essa fase só se inicia daqui a um mês, quando teremos a cobertura do edifício

Resgate de múmias é difícil

Ao apresentar, durante a coletiva de imprensa, peças pequenas e inéditas do acervo do Egito, Kellner comentou que a área onde estavam as múmias tem sido a de mais difícil acesso. O Museu Nacional era um dos únicos no mundo a preservar de forma intacta uma múmia do Antigo Egito. A coleção era a maior da América Latina e foi adquirida por Dom Pedro II em 1826.

O acervo do Egito é um das nossas principais prioridades, mas ele está justamente em uma das áreas mais difíceis de trabalhar. Temos várias Luzias, vários filés mignons no acervo do Museu para recuperar, o Egito é um desses

O diretor da instituição apresentou aos jornalistas algumas peças egípcias e mexicanas, além de material de arqueologia e minerais. Até agora, cerca de 1.500 peças foram recuperadas dos escombros.

Kellner explicou, contudo, que não ainda se pode precisar esse número, porque muitas das peças resgatadas podem formar um único artigo.

Cessão de terreno vizinho ainda é provisória

Reivindicação antiga da UFRJ, a cessão de um terreno de 49 mil metros quadrados vizinho à Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional, também está em análise. O secretário-executivo do MEC afirmou que o terreno, que pertence ao Ministério do Planejamento, já foi cedido provisoriamente, mas a cessão definitiva depende de uma articulação com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

"O terreno foi cedido provisoriamente nessa primeira etapa. Agora, junto à Superintendência do Patrimônio da União (SUP), o MEC e a UFRJ entram no circuito para a cessão definitiva, ela carece de articulação com o TJ do Rio, que requer também uma parte. Está tudo ok, a UFRJ já concedeu e agora vêm as tramitações finais de documentos, levantamento de matrícula, entre outras questões".