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Estação espacial chinesa entra na atmosfera e cai no oceano Pacífico

Do UOL, em São Paulo

01/04/2018 22h29

A estação espacial chinesa Tiangong-1 entrou na atmosfera terrestre na noite deste domingo (1º) e pegou fogo. A maior parte de seus pedaços caiu sobre o oceano Pacífico, afirmou a agência espacial chinesa. O local exato da queda dos destroços não foi confirmado.

A Tiangong-1 entrou na atmosfera um pouco antes do previsto. A Agência de Engenharia Espacial Tripulada da China (CMSEO) havia anunciado em um primeiro momento que o retorno à Terra aconteceria às 00h42 GMT (21h42 de Brasília, domingo), o que teria provocado uma queda no Atlântico Sul, na altura da costa de São Paulo. Mas estação pegou fogo em grande parte sobre a vasta região oceânica central às 8h15 (21h15 de Brasília).

A estação de mais de dez metros de comprimento foi lançada em órbita pela China em 2011 como parte de um programa espacial ambicioso do país. Sua missão terminou cinco anos depois, em 2016. Desde então, é esperada sua queda na Terra. Em dezembro de 2017, a China disse na ONU que o evento deveria acontecer em março deste ano. 

O tabloide chinês "Global Times" publicou nesta semana que a grande atenção midiática dada à queda era "inveja" do programa espacial chinês, já que é normal para naves espaciais entrarem na atmosfera. 

Chuva de meteoros

O Tiangong-1, ou "Palácio celeste 1", foi utilizado para realizar experimentos médicos. O laboratório também era considerado uma etapa preliminar na construção de uma Estação Espacial Chinesa.

A China tentou tranquilizar as pessoas sobre a reentrada na Terra do laboratório espacial de quase oito toneladas, assegurando que não provocaria danos. As autoridades chinesas prometeram um espetáculo "esplêndido", similar a uma chuva de meteoros.

A queda em uma das áreas mais remotas do mundo privou os observadores de estrelas de um espetáculo de bolas de fogo caindo do céu.

Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, disse que o módulo se aproximou de Pyongyang e da cidade japonesa de Kyoto durante o dia, reduzindo assim as probabilidades de ser observado antes de chegar ao Pacífico.

"Teria sido divertido para as pessoas observá-lo. A boa notícia é que não provocou nenhum dano quando caiu", declarou McDowell.

Vida curta

O módulo espacial foi colocado em órbita em setembro de 2011 e estava programado para fazer uma entrada controlada na atmosfera, mas parou de funcionar em março de 2016, o que gerou preocupação com a "queda".

Mas a probabilidade de um humano ser atingido por um objeto espacial de mais de 200 gramas é de uma entre 700 milhões, de acordo com a CMSEO.

Em 60 anos de voos espaciais foram registradas quase 6.000 entradas não controladas na atmosfera de grandes objetos fabricados pelo homem e apenas um destroço atingiu uma pessoa, sem provocar ferimento, de acordo com Stijn Lemmens, analista da Agência Espacial Europeia (ESA).

O calor e a fricção cada vez mais intensos provocaram o incêndio ou explosão da estrutura principal do laboratório. A maioria dos fragmentos se dissiparam no ar e uma pequena quantidade de destroços caiu lentamente.

Jonathan McDowell acredita que o Tiangong-1 foi a 50º maior objeto fora de controle a cair na Terra desde 1957.

A China investe bilhões de dólares na conquista do espaço. Pequim vê seu programa espacial, coordenado pelo exército, como um símbolo da força do país e planeja enviar uma missão tripulada à Lua no futuro.

O país colocou outro laboratório, Tiangong-2, em órbita em setembro de 2016 e espera transformá-lo em uma estação espacial tripulada em 2022, momento em que a Estação Espacial Internacional não estará mais em funcionamento. (Com agências de notícias)