Topo

Clique Ciência: Por que e como se formam as nascentes de água?

Primeira queda d"água do rio Tietê, 10 metros abaixo da sua nascente, em Salesópolis (SP) - Juca Varella/Folhapress
Primeira queda d'água do rio Tietê, 10 metros abaixo da sua nascente, em Salesópolis (SP) Imagem: Juca Varella/Folhapress

Aretha Yarak

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/10/2017 04h00

“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A afirmação do químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794) resume de modo preciso o ciclo da água.

Uma nascente nada mais é do que a água da chuva ou do derretimento de geleiras, que se acumula em uma camada menos permeável.

“É o ponto em que a água infiltrada no subsolo se reúne e emerge”, comenta Vandete Inês Maldaner, superintendente do Instituto Brasília Ambiental. Isso significa que não existe uma produção do líquido propriamente dita: a água não nasce, “do nada”, em uma nascente.

De acordo com Maldaner, a chuva é absorvida pelo solo, por rochas permeáveis, e vai se dirigindo para um ponto mais baixo naquela região. Esse local pode estar bem perto ou a centenas de quilômetros de distância. “O lençol subterrâneo nada mais é do que uma camada permeável, que acumula água, por cima de uma impermeável”, explica Vandete.

Uma vez acumulada, essa água pode emergir basicamente de duas formas: formando lagoas ou jorrando.

Na primeira, não existe um ponto específico por onde o líquido emerge, mas uma região de nascente. Quando ela jorra ou borbulha, isso pode ser causado pela diferença de pressão, erosão ou movimento das placas tectônicas.

“As águas de fontes quentes têm essa temperatura devido à região geológica. Em algum ponto no subterrâneo, há um contato maior com essa camada do subsolo mais aquecida”, comenta a especialista.

Como preservar as nascentes

Para proteger de maneira eficaz uma nascente de água, é preciso criar uma área de preservação permanente em um raio mínimo de 50 metros ao seu redor. Isso significa fazer controle da vegetação local, impedir desmatamentos e poluições. 

“Mas também é fundamental cuidar das áreas de recarga desse aquífero”, comenta Vandete. Essas regiões dizem respeito à área em que a água da chuva infiltra no solo.

Uma maneira de fazer isso é incentivando locais menos impermeabilizados (concreto e asfalto, por exemplo) e mais verdes. “Manter locais por onde a água vai se infiltrar é uma maneira não só de preservar o aquífero, mas também tem uma ação positiva na urbanização: reduz os casos de inundação”, diz a especialista.

Jardins são áreas permeáveis para a água da chuva - Divulgação - Divulgação
Jardins são áreas permeáveis para a água da chuva
Imagem: Divulgação

Nas grandes cidades, isso é possível com o uso de pavimentos permeáveis e incentivo de mais áreas verdes.

Segundo Vandete, nas áreas rurais é possível facilitar o acúmulo nas nascentes com algumas técnicas, como a criação de barragens, que seguram a água das chuvas e facilitam sua infiltração.