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Mais agudo! Por que ficamos com a voz fininha ao inalar gás hélio?

Ao inalarmos gás hélio, que é mais leve que o ar, o som ganha velocidade e se torna mais agudo - iStock
Ao inalarmos gás hélio, que é mais leve que o ar, o som ganha velocidade e se torna mais agudo Imagem: iStock

Aretha Yarak

Colaboração para Tilt

08/04/2023 04h00

Todo mundo já viu a cena: alguém inala o gás de um balão e começa a falar com a voz fininha. A brincadeira com gás hélio sempre causa gargalhadas, mas você sabe o que causa esse efeito agudo?

Nossa voz, como a conhecemos, é resultado do caminho que o som faz no ar atmosférico, composto majoritariamente de nitrogênio e oxigênio (esse que a gente respira todo dia). Ela se forma nas pregas (ou cordas) vocais, que vibram na laringe com a passagem do ar que vem dos pulmões. O som formado ali, entretanto, é baixo, e ganha volume conforme ricocheteia pelas paredes da cavidade oral — garganta, faringe, boca e cavidades nasais.

Se mudarmos o peso do ar que respiramos, tornando-o mais leve ou mais pesado, a velocidade do som também vai ser alterada. O hélio, por exemplo, é bem mais leve do que o ar. Quando o inalamos, nossa cavidade oral fica repleta desse gás leve, que altera a velocidade com que o som se propaga das cordas vocais para o ambiente externo.

Como viaja a uma velocidade mais rápida do que o "normal", as ondas sonoras ganham uma frequência maior, que não se acopla perfeitamente na nossa cavidade oral. O resultado é essa voz aguda, a popular "voz de pato".

Mas cuidado: embora possa parecer divertido brincar de mudar o timbre da voz com a ingestão de gás hélio, inalá-lo em excesso pode causar tontura e asfixia por falta de oxigênio. Em casos extremos, ele pode, assim como qualquer outro gás, formar pequenas bolhas no cérebro e até levar a AVCs e morte.

Mais grave

Se uma pessoa ingerir um gás mais pesado do que o ar, como o xenônio, sua voz ficará mais grave. Nesse caso, a velocidade da onda seria menor, e também haveria um descompasso de frequência ao ricochetear pela parede da cavidade oral. Teríamos uma voz grave, mas baixíssima.

Fonte: Francisco Guimarães, físico e professor do Instituto de Física de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo)