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Clique Ciência: Como alguns animais dormem em pé e outros em pleno voo?

Fragatas dormem enquanto voam, seus cochilos são de cerca de cinco segundos a cada vez - Getty Images
Fragatas dormem enquanto voam, seus cochilos são de cerca de cinco segundos a cada vez Imagem: Getty Images

Cintia Baio

Colaboração para o UOL

20/06/2017 04h00

Dormir por longos períodos, em uma posição confortável e em um lugar quentinho é privilégio de poucos bichos. Muitos dormem em pé ou voando, com um olho aberto e outro fechado, passam longos períodos acordados ou apenas tiram pequenos cochilos durante o dia.

Esse tipo de sono, pouco tranquilo para os padrões humanos, acontece porque tais animais, na maioria das vezes, vivem em ambientes cercados de predadores (o que requer atenção redobrada) ou precisam voar por milhares de quilômetros, como é o caso de algumas aves, como as fragatas. O jeito, então, é se adaptar.

Girafa dorme cerca de duas horas por dia - Paul Ellis/AFP - Paul Ellis/AFP
Girafa dorme cerca de duas horas por dia
Imagem: Paul Ellis/AFP

Dormindo em pé

As girafas, por exemplo, estão no time dos animais que dormem em pé. Seu período de sono não passa de duas horas por dia, divididos em cochilos de 20 minutos em média. A “relaxadinha”, na maioria das vezes, acontece em pé justamente para facilitar a fuga caso algum predador apareça.

Os cavalos e zebras também têm o costume de dormir em pé na maior parte do tempo. Isso é possível por causa de ligamentos especiais nas pernas que fixam as articulações, impedindo de dobrá-las durante o sono, garantindo um baixo gasto de energia.

Pássaros no fio - Daniel Fucs / Flickr / CC BY-SA 2.0 - Daniel Fucs / Flickr / CC BY-SA 2.0
Imagem: Daniel Fucs / Flickr / CC BY-SA 2.0

Meio acordado, meio dormindo

Alguns animais conseguem dormir em pé por ter um comportamento de sono diferente, conhecido como “descanso unilateral do cérebro”. Como o próprio nome já diz, enquanto o corpo descansa, uma parte do cérebro continua ativa. É isso que mantém, por exemplo, as aves equilibradas em galhos ou fios enquanto dormem.

O descanso unilateral do cérebro é observado em outras espécies, como golfinhos e leões marinhos e outros répteis, como o crocodilo, que são capazes de dormir com os olhos abertos para fugir de predadores e também para não se perderem do grupo.

Não param nem para dormir

Agora, como alguns pássaros com comportamento migratório, como os albatrozes e fragatas, conseguem dormir se passam tanto tempo voando? No caso dos albatrozes, as viagens duram até seis meses.

Uma pesquisa feita por cientistas alemães do Instituto Max Planck de Ornitologia na Baviera, Alemanha, em 2016, concluiu que as fragatas conseguem dormir mesmo durante o voo. Os cochilos não passam de cinco segundos por vez e totalizam pouco mais de 40 minutos por dia.

Em alguns momentos, elas dormem com um hemisfério cerebral acordado e em outros dormem nos dois hemisférios. Além do sono unilateral, as fragatas se beneficiam das correntes de ar para planar, o que garante um voo com um gasto pequeno de energia e a possibilidade de tirar tais cochilos.

peixes - Marcelo Krause/Mares Tropicais - Marcelo Krause/Mares Tropicais
Imagem: Marcelo Krause/Mares Tropicais

E como os peixes dormem?

Sem pálpebras, esses bichos não têm como fechar os olhos. Assim, ao descansar, os peixes permanecem aparentemente imóveis com movimentos muito lentos das nadadeiras.

Inclusive os tubarões, que antes eram conhecidos como animais que nunca dormiam, agora já se sabe que eles têm períodos de descanso.

Mas todos os animais dormem?

Até agora, os cientistas sabem que o sono é responsável não só por reparar o cansaço do corpo, mas também para ajudar na organização das atividades neuronais, entre elas o rearranjo da memória. A partir daí, deduzem que todos os animais passam por períodos de descanso.

Em insetos e crustáceos, os métodos de sono são pouco conhecidos, mas sabe-se que eles apresentam momentos de baixo ou nulo movimento, normalmente associados ao comportamento de reclusão. As moscas, por exemplo, passam por ciclos de sono de 3 horas, em média.

Especialistas consultados: Sérgio N. Stampar, professor do Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática da Unesp; Carlos Alberts, professor de zoologia e comportamento animal da Unesp