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Monogamia: sistema de recompensa explica busca por amor único em mamíferos

Os arganazes do campo são um dos poucos mamíferos socialmente monogâmicos na natureza - Nature
Os arganazes do campo são um dos poucos mamíferos socialmente monogâmicos na natureza Imagem: Nature

Do UOL, em São Paulo

31/05/2017 14h23

Interações sociais podem ativar o sistema de recompensa cerebral, impulsionando o vínculo monogâmico. É o que sugere estudo desenvolvido por pesquisadores da Emory University, de Atlanta (Estados Unidos), e que utilizou como cobaias arganazes do campo --pequenos roedores que vivem na América do Norte e que são um dos poucos mamíferos socialmente monogâmicos na natureza. 

As conclusões da pesquisa foram publicadas na Nature nesta quarta-feira (31).

Para os autores do estudo, as observações do comportamento destes roedores podem nos ajudar a compreender como alguns padrões específicos de atividade cerebral contribuem para a formação de vínculos entre dois indivíduos.

Nestes animais, mudanças na percepção e na avaliação do outro estão por trás do envolvimento em par durante a vida adulta. E esta mudança-chave se dá quando os potenciais parceiros ativam os sistemas de recompensa cerebral entre eles.

Os pesquisadores, valendo-se do modelo de ligação dos arganazes do campo, estudaram o circuito corticostriatal do cérebro, que controla o comportamento dos animais para que eles obtenham recompensas.

Ao registrar a atividade deste circuito por seis horas em roedoras fêmeas, que dividiram espaço com machos, os cientistas descobriram que a força de conectividade corticostriatal prediz a rapidez da ligação destes animais, expressa por meio do acasalamento.

Em outro contexto social, sem acasalamento, os cientistas, usando a técnica optogenética (mediada por dispositivos luminosos), ativaram este circuito corticostriatal nas fêmeas. Eles foram, então, capazes de influenciar a preferência posterior destas fêmeas por parceiros em relação a estranhos.

De acordo com os pesquisadores, os resultados obtidos com o estudo sugerem que a atividade deste circuito não apenas correlaciona-se com o comportamento de ligação, mas também é capaz de acelerá-lo.

Eles avaliam, no entanto, ser necessária a realização de mais testes para determinar se este circuito não é apenas suficiente, mas sim necessário para aumentar o comportamento de ligação nestes animais.