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Além de Plutão: relembre alguns planetas que viraram alarmes falsos

Imagem da superfície de Plutão, o mais conhecido membro do grupo de "ex-planetas" - Nasa
Imagem da superfície de Plutão, o mais conhecido membro do grupo de "ex-planetas" Imagem: Nasa

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

27/01/2016 06h00Atualizada em 27/01/2016 21h59

Não é novidade a ciência moderna anunciar um suposto novo planeta - na semana passada, foi até menos do que isso: estudo divulgado pelos cientistas Mike Brown e Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, aponta apenas “fortes evidências” de um nono inquilino dentro do nosso Sistema Solar. Há bastante tempo, outros supostos corpos celestes de grande massa já foram achados e até nomeados, e, depois, rebaixados ou tiveram sua existência descartada.

O que é um planeta?

Antes de tudo, é preciso definir o que é um planeta. Aí é que está o grande problema: o que é um planeta para um astrônomo pode não ser para outro. Foi isso o que ocorreu quando Plutão foi rebaixado para planeta-anão, em 2006, e uma nova classificação foi feita pela IAU (União Astronômica Internacional, na tradução em português). O que um planeta precisa agora para ser classificado como tal no Sistema Solar é o seguinte:

- orbitar ao redor do Sol
- ter massa suficiente para que fique em um formato esférico devido a sua gravidade
- ter força suficiente para "limpar" a vizinhança ao longo de sua órbita, ou seja, não ter outros objetos próximos (que não sejam satélites)   

“Boom” de supostos planetas do início do século 19

O início do século 19 foi a época de ouro das descobertas de planetas que depois seriam reclassificados como asteroides. Fazem parte desta “família” Ceres, Pallas, Juno e Vesta. Inicialmente, pensava-se que todos fossem planetas, depois todos se tornaram asteroides. Todos até estão na mesma área, entre Marte e Júpiter.

“Imaginava-se que existia um planeta naquela região, mas depois que você acha dois ou três já se vê que não era bem assim. Aí vinha um monte de teoria de por que estavam lá, sugeriram que tinha um planeta desintegrado, mas depois foi desacreditada”, explicou o astrônomo Rodney Gomes, do ON (Observatório Nacional), que “previu” o nono planeta em estudo recente.

Alô, Spock

Spock - Divulgação - Divulgação
Spock, personagem de Star Trek, tem uma das origens no planeta "Vulcano", cujo nome é o mesmo de planeta hipotético do século 19
Imagem: Divulgação

Outra famosa teoria de um planeta hipotético é da cultura pop: Vulcano, que se popularizou por ter o mesmo nome de uma das origens de Spock, personagem da série Star Trek. A verdade é que este planeta, que ficaria supostamente entre Mercúrio e o Sol, nunca existiu e não passou de uma teoria para provar uma alteração na órbita de Mercúrio.

“Não existe. Foi observação de manchas solares, e a segunda coisa é que havia uma perturbação na órbita de Mercúrio. Depois, Einstein explicou essa alteração pela teoria da relatividade, que não havia a necessidade de um planeta ali. Chegou a ser batizado realmente, mas nunca existiu”, disse Gomes.

Plutão eterno

Éris - ESO/L. Calçada  - ESO/L. Calçada
Planeta-anão Éris (na imagem) é o grande responsável pelo rebaixamento de Plutão
Imagem: ESO/L. Calçada

O mais famoso, logicamente, é Plutão. O nosso “ex-nono planeta” ficou por anos nos livros de história. Descoberto em 1930, foi rebaixado em 2006 após Mike Brown (o mesmo observador do novo estudo) revelar a existência de Éris, um corpo celeste com as mesmas características, o mesmo tamanho e se encontrar no mesmo local que Plutão, o cinturão de asteroides Kuiper, que fica após Netuno.

Houve a discussão se os dois entrariam na categoria de planetas, mas foram reclassificados como planetas-anões por permitirem que outros objetos tenham órbitas próximas e não serem satélites de nenhum planeta.

A lista de planetas-anões do Sistema Solar cresceu ao ganhar Ceres (que era tido como asteroide) e Haumea e Makemake (chamados de objetos clássicos do cinturão de Kuiper, ou cubewanos, que foram descobertos junto de Éris). No cinturão existem vários outros objetos como Sedna e VP113, por exemplo, cujas órbitas foram usadas na hipótese do longínquo nono planeta.

Histórias vão além

De tempos em tempos, algum astrônomo alega ter encontrado um novo grande corpo celeste em nossa galáxia, mas depois seu trabalho é desacreditado. Na linha de planeta hipotético está o gigante gasoso Tyche, que surgiu por meio de cálculos e ficaria na periferia do nosso Sistema Solar. Mas os próprios autores da pesquisa de 1999, John Matese, Patrick Whitman e Daniel Whitmire, já dizem acreditar que não exista algo deste tamanho, pois o telescópio Wise, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), teria visto.