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Dezoito novas espécies são descobertas no litoral brasileiro

Do UOL, em São Paulo

08/11/2014 06h00

Dezoito novas espécies de animais integrantes da meiofauna (composta por organismos com menos de meio milímetro e que vivem entre grãos de sedimentos do mar) foram descobertas no litoral brasileiro, segundo a agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Das 18 espécies, 15 foram descobertas durante um workshop que aconteceu em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, em outubro de 2012. No encontro, pesquisadores coletaram materiais no entorno do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o professor Gustavo Fernandes Camargo Fonseca, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a meiofauna compreende pelo menos 25 filos do reino animal, podendo chegar a densidades acima de 1 milhão de indivíduos por metro quadrado.

As 18 novas espécies relatadas na edição especial da revista "Marine Biodiversity" abrangem alguns desses diferentes grupos, como o de vermes milimétricos conhecidos como nematoides, e de outros filos menores.

"Estima-se que existam 1 milhão de espécies de nematoides e aproximadamente só 30 mil foram descritas até agora", disse Fonseca.

Também na revista, pesquisadores do departamento de biologia da Ghent University, na Bélgica, descreveu em um artigo duas novas espécies tropicais do gênero Rhynchonema Cobb pertencente ao filo nematoide. Denominadas Rhynchonema cemae sp.n. e R. veronicae sp. n., as duas novas espécies foram encontradas em Olinda, em Pernambuco, e são as primeiras do gênero Rhynchonema observadas no lado leste da América do Sul.

Os 15 animais bentônicos descobertos durante o encontro pertencem aos filos Gastrothicha, Kinorhyncha, Platyhelminthes e Rhadbocoela. Dois animais do filo Gastrothicha foram identificados na Ilha do Tamanduá, em Caraguatatuba, por pesquisadores da University of Massachusetts em Lowell, dos Estados Unidos, e na costa da Bahia, por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com colegas da Università di Urbino, Itália, e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Já um pesquisador do Museu de História Natural da Dinamarca e da University of Copenhagen descobriu três das primeiras espécies de animais do filo Kinorhyncha em São Sebastião (SP).

Por sua vez, um pesquisador da Università di Sassari, na Itália, descobriu também durante o evento nove espécies do filo Platyhelminthes. E um grupo de pesquisadores da Hasselt University, em colaboração com colegas da Ghent University, também na Bélgica, descobriu duas primeiras espécies de animais do gênero Carcharodorhynchus do filo Rhadbocoela no Brasil.

"Essas descobertas se devem aos fatos de que há poucos pesquisadores estudando a meiofauna e os lugares onde esses animais foram descobertos ainda não haviam sido muito explorados", avaliou Fonseca.