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Rã descoberta no Nordeste faz som de cavalo e ganha nome de "pocotó"

Por causa do canto peculiar que lembra o som de cavalos trotando, rã ganhou o nome de "pocotó" - Wallacy Medeiros/UFRN/Divulgação
Por causa do canto peculiar que lembra o som de cavalos trotando, rã ganhou o nome de "pocotó" Imagem: Wallacy Medeiros/UFRN/Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

06/06/2014 12h59

Pesquisadores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) descobriram uma nova espécie de anfíbio no bioma da caatinga do Nordeste do Brasil. A rã Pseudopaludicola pocoto é a 19º espécie de sapos bem pequenos que predominam na América do Sul (do norte da Argentina à Venezuela – leste dos Andes) do gênero das Pseudopaludicola.

A rã tem o canto peculiar que lembra o som de cavalos trotando. Devido a essa característica, os pesquisadores batizaram o novo anfíbio de “pocotó”.

A nova espécie foi encontrada no Rio Grande do Norte (Macaíba e Serra Negra), na Paraíba (Serra de Santa Catarina, Aguiar e Patos) e no Ceará (Fortaleza, Nova Russa, Santa Quitéria, Morada Nova e Missão Velha). Os pesquisadores descobriram que há relatos sobre a existência da rã em Minas Gerais, mas a espécie não foi estudada.

A descoberta foi registrada em artigo científico publicado na revista científica online BioOne.

Rã pocotó, descoberta no Nordeste - Wallacy Medeiros/UFRN/Divulgação - Wallacy Medeiros/UFRN/Divulgação
Rã "pocotó" é espécie de sapo bem pequeno
Imagem: Wallacy Medeiros/UFRN/Divulgação

Segundo a UFRN, a nova rã também foi descrita nas espécies da reserva do Patrimônio Nacional Maurício Dantas, no município de Betânia (PE), mas foi identificada como Pseudopaludicola sp2 (espécie do gênero Pseudopaludicola ainda não nomeada). 

A descoberta da rã pocotó foi feita pelo aluno do mestrado em Sistemática da Evolução, Felipe Medeiros, que estava fazendo um levantamento das espécies presentes em oito unidades de conservação na caatinga. Ele encontrou duas espécies diferentes de anfíbios na lagoa da EAJ (Escola Agrícola de Jundiaí), localizada no município de Macaíba, colheu larvas e gravou os cantos para iniciar a pesquisa que comprovaria as descobertas. A pesquisa durou três anos.

Os pesquisadores explicaram que a nova espécie tem hábitos noturnos e o canto tem influência na reprodução. “Os machos cantam para atrair as fêmeas e elas só reconhecem os da sua espécie. Ou seja, cada uma canta de um jeito diferente”, afirmou o professor do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN, Adrian Garda, orientador da pesquisa.

Para Garda, descobertas como a da Pseudopaludicola pocoto apontam que a fauna de anfíbios presentes no Rio Grande do Norte e demais estados nordestinos ainda é pouco estudada.

“A biodiversidade está indo embora muito rápido e não temos tempo suficiente para descrevê-la e nem gente para trabalhar. Por isso, espécies desaparecem e não tomamos conhecimento da existência delas”, disse o professor.

A pesquisa da UFRN ocorreu em conjunto com a Unesp (Universidade Estadual Paulista), UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) e FURG (Universidade Federal do Rio Grande).