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Nascimento de 'liligre' revela que animais híbridos podem ser férteis

Luciana Pioto

do UOL, em São Paulo

06/06/2014 06h00

Um zoológico particular em Oklahoma, nos Estados Unidos, colocou filhotes de tigres e leões em um mesmo espaço há 14 anos. Já adultos, um tigre e uma leoa cruzaram e o resultado foram filhotes híbridos denominados "ligres". Em um novo passo no cruzamento de espécies, o leão Simba cruzou com a "ligre" fêmea Akara, que em maio desse ano deu a luz aos primeiros "liligres" que se tem conhecimento.

Embora a maioria dos animais híbridos não seja capaz de se reproduzir (por um defeito cromossômico gerado pelo número de cromossomos diferentes de espécies distintas), há vários casos de híbridos que não são estéreis, inclusive em felinos, afirma Eduardo Eizirik, professor da Faculdade de Biociências da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Eizirik conduziu um estudo, divulgado em 2013, que revelou uma zona híbrida entre o gato-dos-pampas e o gato-do-mato-grande na região central do Rio Grande do Sul. O estudo mostrou que os híbridos não são estéreis.

De acordo com Eduardo Eizirik,  cruzamentos entre espécies feitos em cativeiro são muitas vezes feitos por inseminação artificial, mas em princípio podem ocorrer de forma natural --como foi o caso dos "liligres" americanos. De acordo com o presidente do zoológico de Oklahoma, Joe Schreibvogel, os "liligres" foram concebidos naturalmente e são animais saudáveis.

Os filhotes de Simba e Akara não são os únicos híbridos do zoológico americano. Um "ligre" já havia cruzado com um tigre branco, dando à luz um "taligre". Este animal, por sua vez, cruzou com uma tigresa que atualmente está prenha. "Só não sei o que nascerá desse cruzamento", afirmou Schreibvogel.

Os exemplos de hibridação mais conhecidos são o burro e a mula, respectivamente macho e fêmea resultantes do cruzamento entre uma égua e um jumento. "Há várias possibilidades", afirma o especialista Eduardo Eizirik.  Em alguns casos, o macho é estéril, mas a fêmea é fértil. É o caso de alguns cruzamentos artificiais (realizados em cativeiro) envolvendo o gato doméstico e felinos silvestres.