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Voluntários andam e testam chute com exoesqueleto, diz Nicolelis; veja foto

Do UOL, em São Paulo

30/04/2014 15h48Atualizada em 30/04/2014 16h38

O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis disse em seu Facebook que voluntários paraplégicos usando o exoesqueleto já treinam andar e chutar uma bola - tudo controlado com o cérebro, mais ou menos da mesma maneira que pessoas sem a paralisia dos membros inferiores fazem.

O projeto Andar de Novo planeja que um voluntário paraplégico usando o exoesqueleto dê o primeiro chute da Copa do Mundo, em 12 de junho de 2014. Esta seria uma demonstração pública do que o projeto realmente pretende no longo prazo: reabilitar pessoas que perderam a capacidade de andar.

"Precisamente as 12:21 do dia 29/04/2014, o BRA-Santos Dumont 1 deu os seus primeiros passos e chute controlados pela atividade cerebral de um paciente do projeto Andar de Novo que também experimentou a sensação tátil desses movimentos do exoesqueleto", disse o cientista nesta terça-feira (29).

Ele ainda comentou: "Exatamente as 15:02 de ontem, dia 28/04/2014, o primeiro paciente do Projeto Andar de Novo iniciou a sua caminhada inaugural vestindo o BRA-Santos Dumont 1, o exoesqueleto construído pelo consórcio Walk Again. Foram 18 passos e 3 chutes históricos. Até as 17:30, dois outros pacientes já haviam realizado caminhadas e chutes semelhantes. Três pioneiros brasileiros que emocionaram a todos nós com a sua coragem e determinação".

Em entrevista ao UOL no final de 2013, o pesquisador contou que a resposta tátil (para que a pessoa 'sinta' o que o exoesqueleto faz com a pele artificial) e o ambiente virtual de teste controlado pelo cérebro já funcionavam. Os passos finais são reunir estas tecnologias e realmente conseguir mover a pessoa por comandos cerebrais até dar chute. Mesmo após conseguir este resultado positivo, o exoesqueleto terá que continuar a ser estudado para que possa ser utilizado por tetraplégicos e demais pacientes.

 O projeto foi desenvolvido por um consórcio internacional, liderado no Brasil pelo IINN-ELS (Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra) e com a parceria da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).

Como funciona

Os exoesqueletos chegaram à São Paulo no começo de março e foram para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), onde os pacientes são treinados desde o ano passado para comandar o exoesqueleto. O mais bem adaptado à vestimenta e aos comandos será o escolhido para o chute.

Em 4 de fevereiro, o cientista afirmou que a equipe do projeto em Paris conseguiu fazer ambas as pernas do exoesqueleto se movimentarem ao mesmo tempo, reproduzindo um padrão de caminhada. "Articulações moveram-se perfeitamente, com movimentos fluídos e sem qualquer ruído mecânico. Exo supera primeiro grande teste mecânico e de controle", disse na rede social.

O projeto conta com várias linhas de pesquisa, desde um mundo virtual para treinar os comandos cerebrais até o desenvolvimento de roupas com resposta tátil. 

As mensagens transmitidas pelo cérebro para o resto do corpo, como caminhar, balançar ou parar, são captadas pela estrutura por meio de eletrodos colados na cabeça do voluntário.

Os primeiros testes foram realizadas em experimentos de realidade virtual com uma estrutura robótica estática que permite que os pacientes caminhem sem abandonar a posição inicial em que estão.