Topo

Telescópio europeu no Chile flagra imagem de anel de diamantes celeste

Do UOL

Em São Paulo

09/04/2014 10h51

A maioria das estrelas com massas da ordem parecidas com a do nosso Sol terminarão suas vidas sob a forma de anãs brancas - corpos quentes, pequenos e muito densos que vão perdendo brilho lentamente ao longo de milhares de milhões de anos. Antes dessa fase final de suas vidas, as estrelas libertam para o espaço suas atmosferas, criando nebulosas planetárias - nuvens de gás coloridas e luminosas que envolvem as pequenas relíquias estelares brilhantes.

Imagem obtida pelo telescópio europeu VLT, situado no Chile, mostra a Abell 33, uma nebulosa planetária extraordinariamente circular, situada a cerca de 2.500 anos-luz de distância da Terra. O fato de ser perfeitamente redonda é bastante incomum nesse tipo de objeto, pois geralmente existe algo que perturba a simetria e faz com que a nebulosa planetária apresente formas irregulares.

A estrela muito brilhante situada na periferia da nebulosa dá origem a uma bonita ilusão de ótica nesta imagem do VLT. O alinhamento verificado acontece por mero acaso - a estrela, chamada HD 83535, situa-se em primeiro plano, a meio caminho entre a Abell 33 e a Terra, no local exato para tornar a imagem ainda mais bonita. Juntas, a HD83535 e a Abell 33 formam um cintilante anel de diamante.

O que resta da estrela progenitora de Abell 33, e que irá formar uma anã branca, pode ser vista ligeiramente descentrada no interior da nebulosa, como uma pequeníssima pérola branca. Ainda é bastante brilhante - mais luminosa que o nosso Sol - e emite radiação ultravioleta suficiente para fazer com que a bolha de material expelido brilhe.

Abell 33 é apenas um dos 86 objetos catalogados pelo astrónomo George Abell em 1966, no seu Catálogo de Nebulosas Planetárias. Abell perscrutou também os céus em busca de enxames de galáxias, tendo compilado no Catálogo de Abell mais de 4.000 enxames, tanto no hemisfério norte como no sul.

Esta imagem foi obtida a partir de dados colectados pelo instrumento Focal Reducer and low dispersion Spectrograph (Fors), montado no VLT, no âmbito do programa Joias Cósmicas do ESO.