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Voluntários controlam exoesqueleto com comandos cerebrais, conta Nicolelis

Do UOL, em São Paulo

25/03/2014 16h03Atualizada em 30/04/2014 16h24

O projeto "Andar de Novo", liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, tem como objetivo fazer um paraplégico levantar da cadeira de rodas e dar o primeiro chute da Copa do Mundo, que ocorre em junho no Brasil. Nesta terça-feira (25), o pesquisador contou em seu Facebook que todos os oito voluntários do projeto já conseguem controlar o exoesqueleto (que será responsável por fazer as pernas se mexerem) apenas com comandos cerebrais.

"Faltando 79 dias para a abertura da Copa do Mundo, todos os 8 pacientes que fazem parte do Projeto Andar de Novo já estão aptos a controlar os movimentos do exoesqueleto usando a atividade elétrica cerebral. O videoclipe mostra um dos momentos históricos em que um desses pacientes usou a sua atividade cerebral pela primeira vez para controlar os movimentos de um andador robótico que simula o funcionamento do nosso exoesqueleto. O princípio está provado! Mais uma etapa vencida!", disse.

No teste, um paciente paraplégico anda em uma esteira usando o andador robótico, mas ainda é uma etapa da pesquisa, que deve ser finalizada até junho, quando o voluntário que usará a roupa terá autonomia para levantar, andar e chutar.

Em entrevista ao UOL no final de 2013, o pesquisador contou que a resposta tátil (para que a pessoa sinta o que o exoesqueleto faz com a pele artificial) e o ambiente virtual de teste controlado pelo cérebro já funcionam. Agora, falta o exoesqueleto reunir estas tecnologias e realmente conseguir mover a pessoa por comandos cerebrais. E mesmo após o chute "histórico", o exoesqueleto terá que continuar a ser estudado para que possa ser utilizado por tetraplégicos e demais pacientes.

Meses de treinamento

Os exoesqueletos chegaram à São Paulo no começo de março e foram para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), onde os pacientes são treinados desde o ano passado para comandarem o exoesqueleto. O mais bem adaptado à vestimenta e aos comandos será o escolhido para o chute.

Em 4 de fevereiro, o cientista afirmou que a equipe do projeto em Paris conseguiu fazer ambas as pernas do exoesqueleto se movimentarem ao mesmo tempo, reproduzindo um padrão de caminhada. "Articulações moveram-se perfeitamente, com movimentos fluídos e sem qualquer ruído mecânico. Exo supera primeiro grande teste mecânico e de controle", disse na rede social.

O projeto conta com várias linhas de pesquisa, desde um mundo virtual para treinar os comandos cerebrais até o desenvolvimento de roupas com resposta tátil.

As mensagens transmitidas pelo cérebro para o resto do corpo, como caminhar, balançar ou parar, são captadas pela estrutura para que os movimentos aconteçam.

Os primeiros testes foram realizadas em experimentos de realidade virtual com uma estrutura robótica estática que permite que os pacientes caminhem sem abandonar a posição inicial em que estão.