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Estudo sugere que ser humano é capaz de 'sentir' doença pelo olfato

Do UOL, em São Paulo

14/02/2014 06h00

Seres humanos são capazes de perceber por meio do olfato se alguém está doente ou, ao menos, perceber um odor distinto no suor de pessoas com o sistema imunológico em alta atividade (ou seja, respondendo a uma infecção). A afirmação é de pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, e o estudo, destaque no periódico científico Psychological Science.

Para chegar a essa descoberta, 48 pessoas participaram de um experimento.

Dessas, oito pessoas receberam ou uma injeção de lipopolissacarídeo (substância que, por meio de uma bactéria, provoca forte resposta imunológica) ou uma injeção de água com sal (que não causa nenhuma reação no corpo humano). Quatro horas após esse procedimento, as roupas usadas por essas oito pessoas foram coletadas e levada para análise.

É aí que entram os 40 participantes restantes, que sentiram os odores presentes nas camisetas e reportaram seu grau de intensidade, agradabilidade e deram notas para o quesito "saúde" do odor.

Assim, a maioria desses participantes deu notas mais baixas à agradabilidade das camisetas usadas pelos primeiros membros do experimento, reportando-as como de odor mais intenso do que o sentido nas camisetas de quem havia sido injetado apenas com a solução de água salgada.

Estudos prévios já haviam apontado que certas doenças, como a febre amarela, desencadeiam a produção de odores fortes no corpo, perceptíveis por outras pessoas, e o estudo comprova essa capacidade de sentir que alguém está doente através do olfato.

O texto de divulgação do estudo afirma que "seres humanos podem mesmo dissociar odores de doença e saúde em outros indivíduos" após um período de quatro horas de acionamento do sistema imunológico.

Para o cientista Mats Olsson, que liderou o estudo, quando alguém fica doente "podem haver biomarcadores de doenças produzidos pelo corpo e liberados sob a forma de substâncias voláteis", daí a capacidade de que alguém "fareje" a saúde alheia. 

A habilidade de detectar doenças em outras pessoas por meio do olfato poderia ajudar na prevenção do contágio de doenças, ressalta o estudo.

Contudo, uma vez que o experimento foi conduzido em laboratório, e os participantes receberam apenas uma toxina em particular, não é possível aos pesquisadores afirmarem que os resultados seriam os mesmos fora desse ambiente e com pessoas portadoras de outras infecções.