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Clique Ciência: Além dos humanos, outros animais podem sorrir ou chorar?

Do UOL, em São Paulo

05/11/2013 06h00

Sim, animais têm a capacidade de rir e de chorar. Isso não quer dizer que eles soltam lágrimas de tristeza ou explodem em gargalhadas como os humanos. Normalmente, o riso e o choro de outros animais podem ser percebidos através de sons que eles emitem (os biólogos chamam esses sons de vocalizações), das expressões faciais ou do comportamento que manifestam.

As expressões dos sentimentos dos animais variam de acordo com o desenvolvimento do sistema límbico de cada espécie - uma série de estruturas localizadas abaixo do córtex cerebral. Nos humanos e nos outros mamíferos, por exemplo, ele está conectado a sistemas de recompensa do cérebro.

Quando estamos felizes, o organismo libera sustâncias como dopamina e serotonina, que dão prazer e nos deixam com uma sensação agradável. O sentimento é tão bom que a busca por ele é instintiva.

Dentre os animais que mais se parecem com os humanos quando estão sorrindo ou chorando, estão os primatas. Chimpanzés, gorilas e orangotangos tem expressões e vocalizações quase humanas. E eles ainda sentem cócegas e expressam tristeza com mais emoção.

Quem tem cão de estimação sabe quando o seu animal está sorrindo ou chorando. Cães felizes costumam abrir a boca, em um quase riso. Se choram, emitem gemidos de partir o coração. Entretanto, dentre todos os animais, apenas humanos soltam lágrimas de emoção.

Até mesmo ratos podem sorrir. Uma pesquisa realizada por Jaak Panksepp, da Washington State University, constatou que ratos sorriem quando sentem cócegas e brincam de rolar no chão. O som que eles emitem é imperceptível aos ouvidos humanos - foi preciso usar um gravador ultrassônico para ouvir as “risadas”. (Veja vídeo em inglês)

Aves, répteis e peixes já não expressam de maneira tão clara seus sentimentos porque o sistema límbico de animais dessas classes é muito menos evoluído do que o dos mamíferos. Neles, os instintos são os mais básicos: o sistema emocional pouco desenvolvido atua na reprodução, na alimentação, no sono e na manutenção do território, por exemplo.

Isso não quer dizer que esses bichos não têm sentimentos e não são capazes de pensar. Estudos realizados com o papagaio-cinzento Alex, por exemplo, mostraram que o pássaro não é apenas um mero imitador da fala humana, mas pode entender conceitos.

Alex, que morreu em 2007 aos 31 anos, conseguia falar centenas de palavras, relacioná-las aos objetos que tinha por perto e distinguir cores e números. Ele aprendeu tudo isso graças ao método de ensino da psicóloga Irene Pepperberg, pesquisadora das universidades Brandeis e Harvard. Se os cientistas ainda sabem pouco sobre o cérebro dos humanos, os dos animais são também um mistério.

Consultoria: Silvia Helena Cardoso, neurocientista