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Royal diz que não faz teste de produtos de limpeza e cosméticos em animais

Do UOL, em São Paulo

23/10/2013 18h27Atualizada em 22/07/2015 15h15

Silvia Ortiz, gerente geral do Instituto Royal, gravou um vídeo em que diz que o instituto não fazia teste de cosméticos ou de produtos de limpeza nos animais. "Nós não fazemos testes de cosméticos em animais, este tipo de teste é feito apenas pelo método in vitro, ou seja, dentro de equipamentos de laboratórios, sem animais".

Ela nega ainda que houvesse maus-tratos aos cães, motivo principal apontado por ativistas para invadir o local em 18 de outubro. Segundo Ortiz, a vigilância sanitária, o Ministério Público e o Centro de Controle de Zoonoses de São Roque visitaram as instalações e "não acharam nada de errado".

Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), confirma que o instituto não fazia testes para cosméticos em animais, somente com métodos alternativos. Ele também já havia declarado que não havia maus-tratos na instituição.

A gerente conta que as pesquisas feitas no Instituto Royal eram de medicamentos: "fazíamos testes de segurança para medicamentos e fitoterápicos, para cura e tratamento de diversas doenças como câncer, diabetes, hipertensão e epilepsia, entre outras, bem como para o desenvolvimento de medicamentos antibióticos e analgésicos. Assim como em qualquer outro país, essas pesquisas são feitas em animais antes que passem para a fase de pesquisa clínica, feitas em seres humanos. O objetivo é testar a segurança de novos medicamentos de forma que possam ser usados pelas pessoas como eu e você".

Em todos os países, a lei exige testes em animais antes de se testar remédios em seres humanos. Já produtos cosméticos não são testados em animais na União Europeia, Índia e Israel, por exemplo.

"Se algum dia você já tomou um medicamento para dor de cabeça, gripe ou pressão alta, pode ter certeza, você já foi beneficiado por pesquisas previamente feitas em animais. Para estes testes, são utilizados animais determinados de acordo com protocolos pré-clínicos: ratos, camundongos, coelhos e cães, estes últimos da raça beagle. Esta raça é a mais indicada como modelo biológico padronizado para pesquisas científicas por conta de seu padrão genético e sua similaridade com a biologia humana", explica.

"Ortiz diz ainda que espera que a sociedade compreenda a importância da pesquisa feita pelo laboratório. "Fazemos um trabalho de suma importância para a sociedade brasileira. É muito triste constatar que um pequeno grupo pode colocar tudo isso a perder por uma visão deturpada e a partir de uma falta de sensibilidade atroz. Alguns animais suprimidos do Instituto Royal foram abandonados na rua, a sua própria sorte. Nós persistiremos pela fé que temos na relevância das pesquisas que fazemos, mas precisamos que a sociedade compreenda essa importância e que nos ajude a continuar trabalhando pelo bem estar de todos".

Outro lado

Os ativistas acusam o instituto de maus-tratos aos cães e relatam que eles viviam em situação degradante, com sujeira, fezes e urina. O instituto era investigado desde 2012 por maus-tratos aos animais.

Nesta terça (22), foi criada uma comissão na Câmara dos Deputados para investigar a invasão e, segundo o Delegado Protógenes (PCdoB -SP), que pediu a abertura da comissão, seu objetivo final é restringir a lei que permite testes em animais, tanto para cosméticos quanto para medicamentos. No mesmo dia, o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), apresentou um projeto proibindo o uso de qualquer espécie animal em atividades de ensino, pesquisas e testes laboratoriais para desenvolvimento de produtos cosméticos.