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Olho no olho acirra discussão, mostra pesquisa comportamental

Nova pesquisa mostra que o contato visual, considerado um jeito eficaz de convencer alguém, pode tornar as pessoas mais resistentes à persuasão, especialmente quando já discordam de opinião - Getty Images/iStockphoto
Nova pesquisa mostra que o contato visual, considerado um jeito eficaz de convencer alguém, pode tornar as pessoas mais resistentes à persuasão, especialmente quando já discordam de opinião Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

09/10/2013 06h00

Olhar nos olhos da outra pessoa durante uma discussão pode acalorar ainda mais o debate e dificultar que ela concorde com sua opinião, revela pesquisa comportamental da Universidade de British Columbia, do Canadá.

"Há um senso comum de que o contato visual funciona como um fator de influência, mas nosso estudo mostra que manter o olhar diretamente fixo no do interlocutor o faz ter menor tendência a mudar de ideia, contrariando o que se pensa", resume a professora Frances Chen, autora do estudo publicado no periódico Psychological Science.

Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores usaram uma tecnologia que mapeia movimentos dos olhos, analisando o comportamento de 20 participantes do experimento.

Os voluntários eram convidados a darem suas opiniões sobre temas polêmicos - como o suicídio assistido, por exemplo - e, na sequência, deveriam assistir a um vídeo em que um ator discorria sobre os mesmos temas.

Os pesquisadores, então, observaram que quando o ator expunha opiniões simpáticas às feitas pelo participante, o contato visual era mantido, ao passo que quando a opinião no vídeo era discordante, o participante tendia a desviar o olhar.

A probabilidade de que um participante mudasse de opinião após ver o vídeo era sensivelmente menor quando a imagem mostrava o ator olhando fixamente para ele.

Em um segundo teste, os pesquisadores novamente exibiram vídeos aos participantes, mas, deste vez, orientaram o grupo a evitar contato com os olhos do ator e desviasse o olhar para a boca.

As pessoas que mantiveram-se olhando nos olhos do narrador novamente se mostravam indispostas a mudarem de opinião. Mas isso não acontecia com quem evitava o contato visual.

Para o grupo de Frances, o "olho no olho" durante uma situação de discórdia impede que uma das partes concorde com a outra, prolongando o embate.