Ursos pardos eram 'presenteados' com anel há 2.000 anos na Sibéria
Assim como os egípcios davam status de divindade aos gatos, os povos que habitaram a gelada região da Sibéria milhares de anos atrás idolatravam os ursos pardos (Ursus arctos). A hipótese, já aventada antes por historiadores, foi reforçada após um grupo encontrar um anel de bronze forjado há 2.000 anos durante escavações na região da cidade Salekhard, na Rússia.
O artefato é pequeno demais para caber no dedo de uma mulher, o que indica que ele foi criado especialmente para esse animal de pelagem marrom, que é encontrado em partes da Rússia e do Cazaquistão.
Segundo o arqueólogo Andrey Gusev, do Centro Siberiano de Pesquisas Científicas do Ártico, os povos antigos da Sibéria enfeitavam as garras do urso sacrificado com a joia como se estivessem "honrando a memória do animal".
O anel encontrado traz, esculpido em bronze de alta qualidade, a imagem da cabeça de um urso e de suas patas. O fato de que o bronze, à época, era material raro aponta que seu uso seria restrito apenas a ocasiões importantes.
Além disso, o local em que o anel foi encontrado, tido por pesquisadores como um espécie de santuário para rituais, reforça a hipótese de que esses povos teriam adoração pelo animal. O anel seria, portanto, uma evidência do culto ao urso praticado por tribos que habitaram a Sibéria em tempos que remontam ao nascimento de Cristo.
Segundo Gusev, os ancestrais matavam os ursos para fazer os rituais. "Nesse rito, eles adornavam a cabeça e as patas do animal, enfeitando-as com lenços e anéis e deixando o cadáver à mostra, dentro das casas", disse ele ao jornal russo Siberian Times.
Para o arqueólogo, o achado aproxima historiadores dos rituais que eram praticados pelos antigos habitantes da Sibéria. "Quando não se tem relatos escritos sobre o passado, cada objeto encontrado nos ajuda a construir uma imagem mais clara do período", afirmou.
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