Topo

Grupo acha fósseis de plantas de 270 milhões de anos no interior de SP

Do UOL, em São Paulo

23/08/2013 09h46Atualizada em 23/08/2013 12h12

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) descobriram fósseis de plantas e caules em sete regiões de São Paulo com aproximadamente 270 milhões de anos. A descoberta é considerada inédita pelo grupo porque demonstra que a área brasileira é mais antiga do que se imaginava.

Os fósseis analisados são do período geológico permiano, quando houve a formação do supercontinente Pangeia, período em que a Terra era formada por um único continente e quando não era registrada a presença dos dinossauros.

A conclusão está na tese de doutorado de Rafael Souza de Faria, que foi feita na Unicamp sob supervisão de Fresia Ricardi Branco, professora do Instituto de Geociências. Ele publicou junto com sua orientadora e com Isabel Cortez Christiano de Souza, que também faz parte do Instituto de Geociências da Universidade, um artigo sobre a descoberta para o periódico especializado Palaeontology no começo do ano.

Agora, um dos artigos da tese de Faria, que atualmente é professor da Faculdade de Ciências Biológicas da PUC-Camp (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), foi aceito com modificações no periódico Review of Palaeobotany and Palynology - a data de publicação ainda não foi divulgada.

"Os novos espécimes identificados mostram que a diversidade dessas plantas, das coníferas, era bastante expressiva no Brasil no período permiano. Na tese foram descritas espécies inéditas. Sobre a complexidade, elas eram semelhantes a araucárias e adaptadas a um clima seco. Há evidências de características anatômicas nos tecidos vegetais desses fósseis que indicam uma adaptação a possível estresse hídrico", disse Faria.

Os pesquisadores analisaram a diversidade de coníferas fósseis, similares às araucárias e aos pinheiros, identificando as árvores presentes em sete regiões de São Paulo: Piracicaba, Saltinho, Rio Claro, Santa Rosa de Viterbo, Angatuba, Conchas e Laras. A dupla coletou troncos petrificados, que são chamados de  "permineralizados".

Segundo Faria, é possível que existam fósseis em outras regiões do país. "Não só é possível, como há. Há lenhos fósseis [peça de madeira cortada da árvore] semelhantes em diversas localidades de São Paulo e de outros Estados brasileiros que têm rochas semelhantes [estratos permianos do pacote abrangido pela Bacia Sedimentar do Paraná]", disse.

Nas pesquisas, foi analisado o tempo de duração das folhas, denominado fenologia foliar das árvores, para verificar como as espécies estudadas reagem com o passar dos anos. Os pesquisadores observaram se as árvores perdem as folhas, as chamadas espécies decíduas, ou se as conservam, as espécies perenes. 

Durante os estudos, Faria identificou ainda a proliferação de fungos nas peças de madeira cortadas. A descoberta, para ele, é considerada inédita no Brasil, pois retrata o que classifica como "um momento de tempos difíceis".

"A presença de fungos em madeiras fósseis é rara. Sugere-se, portanto, um colapso dos ecossistemas, o que indica que no período permiano as condições para o desenvolvimento das coníferas não eram boas", disse.

"Embora não possamos descartar que as condições ambientais fossem diferentes, é muito provável que as árvores encontradas vivessem em um ecossistema que poderia estar entrando em colapso, daí eu chamar de 'tempos difíceis', principalmente porque, além dos fungos, estão presentes as evidências de adaptação a estresse hídrico nos tecidos", acrescentou. (Com informações da Agência Brasil)