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Para cumprir promessas de Ano-Novo, cérebro não pode identificar novas metas

Córtex pré-frontal é responsável por atualizar lista de metas do cérebro - Jonathan Cohen/Divulgação
Córtex pré-frontal é responsável por atualizar lista de metas do cérebro Imagem: Jonathan Cohen/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

31/12/2012 12h35

No período de festas de fim de ano, muitas pessoas fazem uma lista de promessas para a chegada do novo ano. Mas nem todas conseguem cumprir suas novas metas no decorrer dos doze meses. E a culpa, desta vez, não é da preguiça ou da falta de organização, mas, sim, da capacidade do nosso cérebro de se adaptar facilmente.

Pesquisadores do Instituto de Neurociência da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, identificaram mecanismos que fazem o cérebro incorporar novas informações às metas já estabelecidas– o que obriga qualquer pessoa a refazer e planejar novamente seus objetivos. Para cumprir as famosas promessas de Ano-Novo, portanto, o cérebro não pode identificar novos objetivos.

A pesquisa, que foi divulgada no periódico Pnas (Proceedings of the National Academy of Sciences), monitorou a atividade cerebral de voluntários enquanto jogavam videogame – eles tinham de apertar o botão A ou B conforme uma sequência de letras surgiam na tela, indicando novos objetivos (mesmo que apenas alternados) para o cérebro.

Os neurocientistas constataram que essa “atualização” de metas ocorre no lado direito do córtex pré-frontal, região já conhecida pela tomada de decisões, e envolve sinais químicos da dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e recompensa.

Quando os pesquisadores usaram um pulso magnético para interromper a atividade nesta região do cérebro, os voluntários foram incapazes de mudar de tarefa no jogo, ou seja, eles não conseguiram apertar o outro botão depois de o “novo pedido” (sequência de letras) aparecer na tela.

"Nós encontramos um mecanismo fundamental que contribui para a capacidade do cérebro de se concentrar em uma tarefa e, em seguida, de forma flexível, mudar para outra”, explica Jonathan Cohen, que conduz a pesquisa.  "Estes achados dão fortes evidências de que os núcleos de dopamina permitem que o córtex pré-frontal guarde apenas a informação que é relevante para a atualização do comportamento."

Pesquisas anteriores mostraram que, quando uma nova informação é usada para atualizar uma tarefa, um comportamento ou um objetivo, este dado é processado pela memória de curto prazo. Mas os estudiosos não sabiam, até então, quais mecanismos estavam envolvidos neste processo de “atualização” de metas.

O estudo de Princenton aponta que o córtex pré-frontal é, de fato, a área do cérebro envolvida nessa etapa, pois envia um curto pulso magnético que atualiza a memória de trabalho. Quando este pulso é interrompido, o cérebro processa a nova informação, mas não consegue atualizar sua memória, o que impossibilita a execução de novas metas.

“Previmos que, se o pulso emitido no lado direito do córtex pré-frontal for interrompido no momento em que o cérebro está atualizando a informação, o sujeito não conseguirá reter a informação sobre A ou B, interferindo no desempenho com um botão.”