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"Estaremos sempre unidos", diz astronauta que foi à Lua com Armstrong

Tripulantes do Apollo 11: da esquerda para direita, Armstrong, Michael Colilns e Edwin Aldrin Jr; <B>clique e veja imagens do astronauta</b> - EFE/Nasa
Tripulantes do Apollo 11: da esquerda para direita, Armstrong, Michael Colilns e Edwin Aldrin Jr; <B>clique e veja imagens do astronauta</b> Imagem: EFE/Nasa

Do UOL, em São Paulo*

25/08/2012 20h53Atualizada em 25/08/2012 21h35

O astronauta Edward Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na Lua após Neil Armstrong, que faleceu neste sábado (25), afirmou que ambos estarão "sempre unidos" pela missão da Apollo 11.

"Treinamos juntos e fomos bons amigos. Sempre estaremos unidos por nossa participação na missão Apollo 11", escreveu o astronauta em sua conta no Twitter (@therealbuzz). "A família Aldrin oferece seus pêsames a Carol e a toda a família Armstrong pela morte de Neil", disse.

Neil Armstrong morreu aos 82 anos, em Ohio, nos Estados Unidos A morte foi informada à imprensa dos Estados Unidos pela família do astronauta, que emitiu um comunicado. "Ele era um herói americano relutante, porque sempre achou que só estava fazendo seu trabalho", diz trecho do texto.

No começo do mês, Armstrong passou por uma cirurgia no coração para desobstruir uma artéria coronária. Segundo os familires, a morte é decorrente de complicações da cirurgia.

Sua família se mostrou "arrasada" e disse que o astronauta "serviu a nação com orgulho, como piloto da Marinha, piloto de provas e astronauta. Os familiares afirmarm que Arsmstrong era "um carinhoso marido e pai".

Armstrong tinha 39 anos quando comandou a tripulação da nave Apollo 11. Ao lado do também astronauta Edwin Buzz Aldrin, ele caminhou na Lua por quase três horas, no dia 20 de julho de 1969, vinte minutos após a nave aterrissar no satélite natural da Terra.

Durante o ato, realizado no auge da Guerra Fria, o astronauta americano disse a célebre frase: "Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade."

Alçado a herói após seu feito histórico, Armstrong evitava os microfones e as câmeras, e viveu durante os últimos 33 anos longe do público, ao lado de sua segunda mulher, em uma fazenda em Ohio.

O último pronunciamento público de Armstrong foi em novembro de 2011, quando recebeu a medalha de ouro do Congresso americano com seus companheiros da missão à Lua.

Biografia

Neil A. Armstrong nasceu em Wapakoneta (Ohio) em 5 de agosto de 1930. Desde jovem, demonstrou paixão por aeronaves, o que o levou a trabalhar no aeroporto próximo a sua casa. Aos 16 anos obteve o brevê de piloto.

CURIOSIDADES SOBRE ARMSTRONG

- O pulso de Armstrong estava acelerado em 150 batimentos por minuto enquanto guiava o módulo lunar até a superfície da lua.

- Apesar de sua natureza reservada, Armstrong certa vez fez um comercial para a fabricante de carros Chrysler, para, segundo ele, homenagear a história da empresa e ajudá-la a superar problemas financeiros.

- Uma cratera na lua foi batizada em homenagem a Armstrong. Fica a cerca de 48 quilômetros do local de aterrissagem da Apollo 11.

- Em 2005, Armstrong ficou aborrecido ao saber que seu barbeiro havia vendido fios de seu cabelo para um colecionador por US$ 3.000. O homem que comprou os fios não quis devolvê-los. Ele diz ser detentor de cabelos de Abraham Lincoln, Napoleão, Marilyn Monroe, Albert Einstein e outros.

Como oficial da Marinha realizou 78 missões de combate durante a Guerra da Coreia (1950-1953). Armstrong estudou engenharia aeronáutica na Universidade de Purdue (Indiana) e obteve o mestrado na mesma disciplina na Universidade da Califórnia do Sul.

Em 1955, como piloto de provas, testou 50 tipos de aviões, antes de ser convocado pela Naca (órgão que precedeu a Nasa) para ser astronauta.

Em setembro de 1966, participou como comandante, com David Scott, da missão Gemini 8 . Esta empreitada foi a primeira em que foi realizada com o sucesso o emparelhamento de dois veículos no espaço com sucesso.

Como comandante da missão Apollo 11, Armstrong foi o encarregado de informar ao centro de controle de Houston (Texas) o pouso do módulo lunar (LEM) pilotado por Buzz Aldrin: "Houston, aqui a base da Tranquilidade. A águia pousou", disse, ao chegar a Lua.

"Pensava ser de 90% a possibilidade de voltarmos sãos e salvos à Terra após este voo (Apollo 11), e de apenas 50% a possibilidade de pousarmos na Lua nesta primeira tentativa", revelou Armstrong recentemente.

Armstrong andou e saltou sobre a superfície da Lua, seguido por Aldrin, cerca de 20 minutos depois. Ambos exploraram a zona do pouso por duas horas e meia, onde recolheram 21 quilos de rochas, tiraram fotos e fincaram uma bandeira dos Estados Unidos.

Segundo James Hansen, autor da biografia de Armstrong, Aldrin deveria ter sido o primeiro a pisar na Lua, mas a Nasa optou pelo comandante da Apollo 11 por julgá-lo mais capaz de assumir o peso da celebridade.

A viagem à Lua foi a última aventura espacial de Armstrong. Em seguida, Armstrong ocupou o cargo de conselheiro da administração de várias empresas, incluindo Lear Jet e United Airlines, e dedicou-se a dar aulas de engenharia espacial na Universidade de Cincinnati até 1979.

IMAGENS HISTÓRICAS

Discrição e críticas a Obama

Discreto, Armstrong evitava aparições e entrevistas. Em maio deste ano, rompeu seu habitual silêncio para criticar o presidente Barack Obama, ao lamentar a decisão do governo norte-americano de fazer cortes no programa espacial, anunciados em 2010 e eliminar o programa que previa a volta de missão à Lua.

"Muitos especialistas da comunidade espacial não sabiam que o Constellation seria abandonado. Foi, provavelmente, algo tramado por um pequeno grupo em segredo que persuadiu o presidente a rejeitar uma oportunidade única de deixar sua marca em um programa inovador", declarou Armstrong. 

O astronauta referia-se ao fim do programa Constellation, lançado em 2004 pelo ex-presidente George W. Bush, com o objetivo de voltar à Lua antes de partir para a conquista de Marte.

"A Nasa (agência espacial americana) é um dos investimentos públicos de maior sucesso na motivação dos estudantes para que eles façam bem as coisas e alcancem tudo o que puderem alcançar", disse o ex-astronauta.

Armstrong citou seu próprio exemplo, afirmando que, quando criança, os voos dos militares americanos o motivaram a se esforçar. "É triste que estejamos levando o programa para uma direção em que reduzimos a quantidade de motivação e estímulo que dá aos jovens", afirmou. (Com agências internacionais)