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Mecanismo de cicatrização de golfinhos oferece informações para produção de novos medicamentos

Think Stock
Imagem: Think Stock

Do UOL Ciência e Saúde

21/07/2011 13h37

Os golfinhos tem a habilidade de se curar rapidamente de uma ferida causada por mordida de tubarão com uma aparente indiferença à dor, resistência à infecção, sem hemorragia e com a restauração quase perfeita do contorno corporal normal. Pesquisadores do centro médico da Universidade de Georgetown, que antes descobriram os componentes antimicrobianos da pele de sapos e tubarões, agora pesquisam a capacidade de cicatrização de golfinhos para tentar achar formas de melhorar a cicatrização em humanos.

Durante a pesquisa, a equipe entrevistou cuidadores de golfinhos e biólogos marinhos do mundo todo e fez uma revisão da limitada literatura sobre o assunto. Um dos pesquisadores, o médico Michael Zasloff, afirma que muito a respeito do processo de cicatrização dos golfinhos ainda não está documentado, dizendo que o golfinho se recupera de feridas que seriam fatais em humanos.

Zasloff tenta explicar o processo de cura dos golfinhos utilizando informações sobre aspectos conhecidos da biologia destes animais. Por exemplo, para não sangrar até a morte, os golfinhos podem se utilizar do mesmo mecanismo que utilizam em mergulhos profundos, que impede que o sangue vá para a periferia do corpo. Em caso de uma ferida, com menos sangue na periferia do corpo o golfinho perde menos sangue.

O mecanismo que impede a dor continua desconhecido, Zasloff's sugere que a indiferença do golfinho à dor representa uma adaptação favorável à sobrevivência.

O mecanismo que previne as infecções nas feridas dos golfinhos está, segundo os pesquisadores, na camada de gordura do animal. Esta camada é muito pesquisada, pois acumula poluentes tóxicos de origem humana, o que permite aos cientistas estudar a poluição ambiental. É bem documentado que a camada de gordura também contém compostos orgânicos com propriedades antimicrobianos e a ação antibiótica. É provável que os golfinhos guardem seu próprio antimicrobiano que é liberado quando há uma ferida, esse composto também previne a decomposição do tecido ao redor da ferida.

A capacidade de cicatrização mantendo o contorno do corpo do animal mostra que a cicatrização dos golfinhos é diferente da observada em humanos, sendo mais parecida com uma regeneração, onde os novos tecidos fazem uma malha com os adipócitos, colágeno e fibras elásticas já existentes. Os golfinhos se curam em um processo parecido ao modo como os mamíferos são capazes de se curar dentro do útero.

Segundo Leigh Ann, diretor do departamento de saúde animal do Aquário Nacional, é muito claro para quem trabalha com mamíferos marinhos que a capacidade de cura de feridas é maior do que a observada nos mamíferos terrestres.

Zasloff acredita que seu trabalho vai estimular pesquisas que vão beneficiar humanos, como a crianção de novos antimicrobianos e analgésicos mais potentes.