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E você acredita em aquecimento global?

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em Cancún (México)

13/12/2010 12h57

Já na imigração dos EUA para voltar para o Brasil, depois de duas semanas mergulhada na COP-16, Conferência do Clima, que aconteceu em Cancún, no México, o policial federal responsável pela minha entrada no país pergunta: "foi fazer o que no México?", quando eu respondo prontamente com um sorriso: “cobrir a Conferência de Mudanças Climáticas”.

Para todos que me perguntam como foi a COP, eu digo que foi um bom resultado final, mas ele, em vez de fazer a pergunta usual, vira e diz: “E você acredita em aquecimento global?”.

Juro que quebrou minhas pernas. Respondi: "claro, você não?", e ele: “não, eu não acredito nisso, não”. E esta é a posição de muitas pessoas ainda hoje, principalmente americanos. "Aqui em Miami está muito mais frio nessa época do ano", completa ele.

Os EUA são hoje um dos principais entraves para um acordo mais abrangente com metas obrigatórias de redução dos gases do efeito estufa. É o único país desenvolvido a não ter metas no Protocolo de Kyoto porque o Congresso não ratificou o tratado, ou seja, não o tornou legal nacionalmente.

No Acordo de Copenhague e também no Pacote de Cancún, eles prometem uma redução de até 17% até 2020 sobre as emissões de 2005. Isso significa praticamente igualar os números aos de 1990, ano usado como base para metas de redução, enquanto todos os demais países desenvolvidos já devem diminuir esse nível até 2012 e apresentam cortes ainda mais severos para 2020.

Segundo cálculos do IPCC, e pelo o que consta nos textos aprovados pelo Pacote de Cancún, os países desenvolvidos têm que diminuir suas emissões de 25% a 40% em comparação com 1990.

Apesar disto, o Congresso americano, que acabou de ser reformulado por eleições e conta com maioria do partido republicano, já disse que não aprova leis de redução de emissões.

A posição reflete, de uma maneira ou de outra, a posição da população. De acordo com pesquisas, os americanos são um dos povos que menos acredita no aquecimento global no mundo e por isso, não seriam necessários cortes para combatê-lo.

No Brasil, segundo pesquisa divulgada pela CNI na COP-16, 90% das pessoas acredita no aquecimento global.