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Fóssil de camarão de 100 milhões de anos é achado no Brasil

Em Fortaleza

17/01/2013 17h50

Pesquisadores da Urca (Universidade Regional do Cariri) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro ) apresentaram nesta quinta-feira  (17) o único fóssil de camarão achado no Brasil. A estimativa dos pesquisadores é que ele tenha mais de 100 milhões de anos.

Encontrado em maio do ano passado no distrito de Romualdo, na cidade de Missão Velha, no Cariri cearense, os pesquisadores levaram oito meses de estudos para comprovar que o fóssil era de um camarão pré-histórico. Ele será registrado na revista Zootaxa, uma publicação neozelandesa especializada em trabalhos que provem a existência de espécies inéditas no mundo.

O fóssil de camarão trata-se da mais recente descoberta paleontológica do Brasil. Na apresentação, os pesquisadores destacaram que o achado é único exemplar no mundo, encontrado na Bacia Sedimentar do Araripe, entre Ceará e Pernambuco, e que evidencia que o sertão nordestino na antiguidade era mar. 

"Esse é um momento de grande relevância para a região, que se evidencia mundialmente diante da importância e variedade fossilífera da Bacia Sedimentar do Araripe", disse o paleontólogo Antônio Álamo Feitosa Saraiva, pesquisador da Urca e diretor científico do Geo Park Araripe.

Com a descoberta os pesquisadores informam que há assim evidências que o semi-árido nordestino já foi banhado pelo mar provavelmente na Era Cretácea (entre 140 milhões e 65 milhões de anos). Os estudos da Urca e da UFRJ indicam, ainda, que a região do Araripe pode ter tido lagoas com alto nível de salinidade na Pré-História.

"Essa descoberta inédita do fóssil do camarão prova que na formação Romualdo, em Missão Velha, havia água com algum nível de salinidade. Ali era uma região isolada do mar, que deveria invadi-la esporadicamente", especula Saraiva.

A peça ficará exposta para conhecimento da sociedade e da comunidade acadêmica no Geo Park, que fica na cidade de Crato, a 550 quilômetros de Fortaleza, de acordo com Saraiva. Ainda durante a solenidade, foi prestada uma homenagem ao cientista, professor e pesquisador da UFRJ, Alexander Kellner, que participou da equipe de escavação que encontrou o fóssil raro de camarão.