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Paciente holandesa é a primeira a receber crânio feito com impressora 3D

Maite Rodal

Em Haia

28/03/2014 15h54

Uma mulher holandesa de 22 anos se transformou na primeira paciente do mundo a receber um implante total de crânio, que, por sua vez, é de plástico e foi elaborado através de uma impressora 3D.

Graças a essa tecnologia e a perícia dos cirurgiões, que realizaram tal procedimento em 23 horas, a paciente conseguiu contornar o risco de morte e, agora, recupera sua vida cotidiana sem nenhum tipo de sequela.

Embora o procedimento tenha ocorrido há três meses, no Hospital Universitário de Utrecht, no centro da Holanda, os médicos esperaram a paciente se recuperar para divulgar esse considerável feito.

"O mais inovador é que implantamos a totalidade do crânio, desde a testa até a nuca e de uma orelha à outra", explicou hoje à Agência Efe o cirurgião que dirigiu a operação, Bon Verweij, que reconheceu que esta não foi a mais difícil, mas sim a "mais criativa" das intervenções que já fez.

Para sua equipe, o mais complicado foi "a abertura do crânio - porque era muito grosso - e, de fato, precisaram de 20 horas apenas para realizar essa parte da operação", explicou o médico responsável.

A paciente, que sofre de uma doença dos ossos que fazia seu crânio aumentar, "não tinha alternativa", já que, segundo o médico, a crescente pressão do osso sobre o cérebro acabaria com sua vida.

Os sintomas que atrapalhavam sua vida, como as fortes dores de cabeça, desapareceram totalmente depois da intervenção.

"De fora não se nota que ela foi operada: abrimos, colocamos a coberta exatamente igual a de seu crânio e fechamos", contou o cirurgião, quem especificou que, sem a tecnologia 3D, que permite reproduções exatas, teria sido "impensável" implantar um crânio inteiro em um paciente.

Após a operação, da qual a mulher se recuperou "em um mês", ainda existia o risco de infecção, mas "nada disso ocorreu e, por isso, estamos muito contentes que tudo tenha dado certo", acrescentou o especialista.

A paciente, cuja identidade não foi revelada por questões de privacidade, pode levar uma vida normal e sem controles exaustivos, levando em consideração que o implante craniano tem um caráter permanente.

As medidas exatas da caixa craniana foram tomadas graças a um scanner de três dimensões, "uma tecnologia já conhecida" e que foi repassada depois à impressora 3D, que reproduziu o crânio da mulher utilizando "plástico normal", precisou o médico.

A equipe do doutor Verweij já tinha experiência com "operações em pequena escala" usando a tecnologia 3D, fato que deu mais confiança aos médicos na hora de realizar esta complicada intervenção.

Até o momento, os implantes de crânio eram realizados de maneira parcial e com outros materiais, como o titânio. Agora, após esse teste satisfatório, "todos os consertos de crânio deixam de ter fronteiras", sustentou o cirurgião.

O centro médico sustenta que esta tecnologia, usando o mesmo material plástico, também poderá ser utilizada em pacientes acidentados ou em casos de tumores cerebrais.

Não é a primeira vez que o Hospital Universitário de Utrecht, o segundo maior da Holanda, apresenta uma técnica médica pioneira em nível mundial, tanto que foram os primeiros a utilizar o ultrassom para combater os tumores cancerígenos.

Este centro também é o único no mundo que fundiu os departamentos de radiologia e medicina nuclear e que tem um departamento especializado em calamidades com caráter permanente.