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ONG brasileira 'hackeia' Instagram para buscar desaparecidos

Instituto Impar criou o projeto #FindHope para encontrar pessoas desaparecidas - Reprodução/Instagram
Instituto Impar criou o projeto #FindHope para encontrar pessoas desaparecidas Imagem: Reprodução/Instagram

05/03/2020 19h17

Nove pessoas desaparecem a cada hora no Brasil, de acordo com os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2017, ano em que foram registrados 82,6 mil desaparecimentos no país. O tráfico humano é parte do problema, e nem sempre quem desaparece continua perto da cidade ou mesmo no país onde morava. Por isso, uma ONG brasileira desenvolveu uma forma de mostrar fotos de desaparecidos em escala mundial.

O projeto, chamado #FindHope, do Instituto Ana Paula Moreno (Impar), expõe fotos das vítimas no Instagram, aproveitando a audiência de grandes eventos, como a cerimônia de premiação do Grammy Awards ou do Oscar. Sempre que há eventos de âmbito global, são publicadas fotos de vítimas com o uso das hashtags em alta naquele dia. Assim, quando alguém pesquisa pelo evento na rede social, acaba encontrando também fotografias de desaparecidos.

Uma série de contas são criadas na rede social constantemente para manter as fotos sempre entre as mais vistas, com o uso de software e de voluntários que auxiliam com postagens manuais para amplificar o alcance.

ONG começou com história de desaparecimento

Atualmente, 20 das 140 fotos que a ONG tem cadastradas estão sendo divulgadas por meio do projeto. Uma delas é de quem dá nome ao Ímpar. Filha de Sandra Moreno, fundadora da ONG, a estudante de artes plásticas Ana Paula desapareceu em 2009, aos 23 anos, em Carapicuíba, interior paulista, ao sair de casa para ir trabalhar.

Sandra conta que se despediu da filha às 5h20 da manhã de um sábado. As duas trabalhavam na mesma empresa, e, quando a mãe chegou para o expediente, às 13h30, deu pela falta da filha. "A primeira atitude foi ir até a empresa de ônibus e pedir o relatório do cartão [de transporte] dela, e então tive a certeza de que ela nem sequer chegou a tomar o ônibus", conta.

A seguir, Sandra foi em busca de todas as imagens de câmeras de monitoramento das ruas pelas quais a filha poderia ter passado, e também não encontrou nada. "Eu concluo que levaram a minha filha da porta da minha casa, que fica no máximo a 300 metros do ponto de ônibus, diz.

Na falta de acolhimento dos órgãos que deveriam ajudar a investigar e apoiar, Sandra viu a necessidade de criar a instituição. O objetivo é orientar e dar suporte a familiares de pessoas desaparecidas.

O que fazer em casos de desaparecimento

Quem souber de informações a respeito de um desaparecido pode telefonar para o número 181, anonimamente. Já quem der pela falta de um familiar deve relatar o desaparecimento numa delegacia. Não existe um prazo legal que as famílias precisem esperar para registrar o boletim de ocorrência.

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