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Jovens ativistas pelo clima preparam futuro do planeta na Suíça

09/08/2019 15h39

Lausana, Suíça, 9 Ago 2019 (AFP) - "Aprovada a moção com 99%" dos votos. Os gritos de alegria dos jovens enchem a sala onde ativistas europeus pelo clima, inspirados por Greta Thunberg, debatem o futuro de seu movimento.

É quinta-feira à noite, e os jovens do "Fridays for Future" (sextas-feiras pelo futuro) estão há quatro dias discutindo sobre quais objetivos querem atingir em um campus da Universidade de Lausana. No dia seguinte, devem apresentar as reivindicações comuns e esperar que sejam aprovadas em assembleia, em uma "cúpula" que contou com a participação da adolescente sueca, representante da luta contra a mudança climática.

O mais jovem dos 450 participantes tem 11 anos, mas a média de idade está entre 18 e 20 anos. Vieram da Irlanda, Escandinávia, Itália, Chipre, Rússia e Líbano, entre outros países.

Após dias de debate acalorado, acordaram três reivindicações comuns: "garantir a justiça climática e a igualdade", "manter a subida mundial das temperaturas abaixo de 1,5ºC, em relação aos níveis pré-industriais" e "prestar atenção à melhor ciência disponível na atualidade".

- "Muita liberdade" -Greta, de 16 anos, veio de Montpellier, no sul da França. Uniu-se ao movimento em março, quando centenas de milhares de estudantes tomaram as ruas para reivindicar "justiça climática". Ela afirma ter vindo para trabalhar em "uma estratégia global, reivindicações comuns".

"Há meses que há greves e isso não deve perder força", afirma à AFP, acrescentando que também viajou a Lausanne por sua vontade de "conhecer enfim as pessoas" após meses de conversas pela internet.

A Universidade pôs à disposição dos estudantes alguns locais, alojamentos gratuitos, e as refeições são oferecidas a partir de sobras dos supermercados.

"Tivemos muita liberdade" para escolher os temas debatidos, explica Greta. A assembleia derivou em uma base comum, obrigando os participantes a ter em conta os diferentes pontos de vista e as culturas.

"Isto nos fez crescer", considera Kelmy Martinez, de 21 anos, um dos organizadores.

A "cúpula" foi concluída nesta sexta-feira com uma manifestação em Lausanne, após vários dias de oficinas diversas sobre temas como "ansiedade climática", "povos indígenas" e "capitalismo/anticapitalismo".

- Estúpido? -Alguns aderiram ao "Fridays for Future" inspirados pela greve escolar pelo clima que Greta Thunberg lançou.

"Uma geração se identificou com ela [...] mas não é uma líder", comenta Valentine, de 17 anos, natural de Chambéry, no leste da França.

Os participantes do encontro ressaltam a natureza horizontal e descentralizada de seu movimento, sem porta-vozes nem dirigentes.

Entre eles destoa Christopher, irlandês de 50 anos que veio junto com sua filha, Saoirse, de 14, em uma longa jornada em barca e trem.

"Ela fazia greve todas as sextas-feiras", conta o pesquisador. "Eu não a encorajo, mas apoio".

"É difícil argumentar a partir do ponto de vista de um adulto que o que estão fazendo é estúpido, porque não é", considerando os dados científicos, acrescenta, lembrando à sua filha que "para mudar as coisas, é preciso estudar".

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