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Peste chegou à Europa pela região da Rússia há 5.000 anos

A bactéria Yersinia Pestis, que ainda mata milhares em países pobres - CDC/Divulgação
A bactéria Yersinia Pestis, que ainda mata milhares em países pobres Imagem: CDC/Divulgação

Em Washington

23/11/2017 10h02

Nômades que habitaram as estepes euroasiáticas teriam levado a peste para a Europa entre o final do Neolítico há 4.800 anos e o início da Idade do Bronze há 3.700 anos, segundo um estudo publicado na revista "Current Biology".

Foram encontradas amostras de espécimes da bactéria transmissora da pestes em dentes e ossos humanos deste período, explicaram os pesquisadores, que sequenciaram genomas dessa bactéria.

Uma análise das antigas formas da peste deve permitir uma compreensão maior de sua evolução no tempo e determinar como a infecção se tornou mais virulenta.

Os pesquisadores analisaram mais de 500 dentes e ossos achados na Alemanha, Rússia, Hungria, Croácia, Lituânia, Estônia e Letônia para rastrear a presença da bactéria Yersinia pestis, responsável pela praga.

Este agente infeccioso causou grandes pandemias, incluindo a famosa Peste Negra, que em meados do século 14 matou ao menos 30 milhões de pessoas, entre um terço e a metade da população europeia naquele período.

Os cientistas encontraram o DNA completo da bactéria nos restos de seis indivíduos.

A sequenciação desses seis genomas europeus da bactéria Yersinia pestis permitiu que fosse determinado que a praga chegou à Europa Central provavelmente na mesma época em que chegaram ao lugar os nômades das estepes da Eurásia, no período acima mencionado.

Os diferentes genomas desta bactéria, descobertos em várias partes da Europa, são bastante similares.

"Isso sugere que a peste entrou na Europa em várias ocasiões durante este período, desde o depósito infeccioso local, ou de uma só vez no final do Neolítico", diz Aida Andrades Valtueña, do Instituto Max Planck, coautora do estudo.

Renovação genética

Os principais movimentos migratórios na Europa começaram há os principais movimentos migratórios na Europa começaram há cerca de 4.800 anos, com populações proveniente das estepes do Mar Cáspio.

Isso apoia a hipótese de que a peste se propagou no continente europeu com as migrações destas populações, explica Alexander Herbig, do Instituto Max Planck, outro coautor do estudo.

As amostras completas de DNA da bactéria da peste encontradas nos dentes e ossos também confirmam que as mudanças genéticas relacionadas com sua virulência já estavam em curso durante este período.

Mas é necessário fazer uma investigação maior para confirmar até que ponto esta evolução genética afeta a gravidade da infecção, segundo os pesquisadores.

Segundo eles, é possível que a bactéria Yersinia pestis já tenha causado epidemia generalizadas.

"A ameaça da praga pode ter sido uma das razões dos movimentos migratórios entre o final do Neolítico e o início da Idade do Bronze", admite o diretor do departamento de arqueogenética do Instituto Max Planck, que dirigiu este estudo.

Os nômades das estepes do Mar Cáspio podem ter migrado de suas zonas habituais para escapar da peste, explica.

Além disso, a introdução da enfermidade na Europa pode ter tido um papel importante na renovação genética das populações europeias, conclui o pesquisador.