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Concentração de CO2 no ar atinge recorde e iguala época em que Terra era até 3°C mais quente

Fábrica chinesa solta fumaça no céu de Jilin, na região Norte do país - AFP
Fábrica chinesa solta fumaça no céu de Jilin, na região Norte do país Imagem: AFP

Em Genebra

30/10/2017 09h57

A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global, alcançou um nível recorde em 2016, o maior em pelo menos 800.000 anos, anunciou nesta segunda-feira (30) a OMM (Organização Meteorológica Mundial), que adverte sobre um "aumento perigoso da temperatura".

De acordo com a OMM, este "rápido aumento" do nível de CO2 se deve à "conjunção das atividades humanas e a um potente episódio de El Niño", um fenômeno climático que aparece a cada quatro ou cinco anos e que traduz no aumento das temperaturas do Oceano Pacífico, o que provoca secas e fortes tempestades.

A última vez que a Terra conheceu uma quantidade de CO2 comparável aconteceu há entre três e cinco milhões de anos: a temperatura era entre 2 e 3 graus centígrados maior e o nível do mar era 10 ou 20 metros mais elevado que o nível atual

Boletim da OMM (Organização Meteorológica Mundial)

As concentrações de CO2 foram inferiores a 280 partes por milhão nos últimos 800.000 anos e aumentaram desde a revolução industrial, segundo dados geológicos coletados por meio de amostras de gelo da Groenlândia e da Antártida. O relatório alimentará os debates da conferência anual sobre aquecimento global patrocinada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Bonn, em 6 de novembro.

"Enquanto era de 400,00 partes por milhão (ppm) em 2015, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera [...] alcançou 403,3 ppm em 2016 e agora representa 145% do que era na época pré-industrial (antes de 1750)", afirma o documento publicado em Genebra, onde fica a sede da OMM.

O aumento recorde de 3,3 partes por milhão de CO2 se deve em parte a um forte El Niño em 2015 e 2016, que gerou secas em regiões tropicais e limitou a capacidade das florestas de absorver o gás, segundo a OMM. O CO2 provém também da queima de combustíveis fósseis para energia e do desmatamento para agricultura e construção.

Se não reduzirmos rapidamente as emissões de gases do efeito estufa, e principalmente de CO2, enfrentaremos um perigoso aumento da temperatura no que resta do século, muito acima do objetivo fixado no Acordo de Paris sobre o clima

Petteri Taalas, secretário-geral da OMM

"As futuras gerações herdarão um planeta muito menos hospitaleiro", completou Petteri Taalas. Desde que o início da era industrial (1750), o crescimento demográfico, uma agricultura cada vez mais intensiva, a maior utilização das terras, o desmatamento, a industrialização e a exploração dos combustíveis fósseis com fins energéticos provocam um aumento da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, o principal deles o CO2.