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Seca agrava fome de 3,5 milhões de pessoas na América Central (ONU)

29/07/2016 21h11

Tegucigalpa, 30 Jul 2016 (AFP) - Mais de 3,5 milhões de pessoas carecem de alimentos no chamado Corredor Seco, região de floresta tropical seca da América Central, que inclui Guatemala, El Salvador e Honduras, alertou nesta sexta-feira a enviada das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, Mary Robinson.

A situação humanitária no Corredor Seco alcançou "níveis de crise com mais de 3,5 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em El Salvador, Guatemala e Honduras", afirmou a diplomata irlandesa em um comunicado divulgado em Tegucigalpa.

Nos três países, "a seca de 2015 foi muito mais grave em comparação com o ano anterior e o efeito cumulativo se agrava ainda mais pelas condições do (fenômeno climático) El Niño", ressaltou.

Robinson visitou os municípios de Pespire e Langue, no sul de Honduras, onde algumas famílias lhe disseram que muitas pessoas só fazem uma refeição por dia e que as crianças deixam de ir à escola por causa da fome.

Ante a situação, insistiu em que estas populações requerem ajuda alimentar urgente.

"Os impactos das mudanças climáticas estão diminuindo a produção agrícola e esgotando as reservas de alimentos, fazendo com que as famílias fiquem cada vez mais vulneráveis ao El Niño", que se reflete no aquecimento das águas do Pacífico, afirmou Robinson.

A diplomata lamentou que a situação dos pequenos produtores agrícolas se agravou pelo desmatamento e a seca durante dez anos, aumentando a pobreza.

Robinson explicou que a zona apresenta uma alta concentração de terras em poucas mãos, em detrimento dos pequenos produtores, o que agrava as condições de vida da maioria dos habitantes.

Em 2016, a ONU apresentou um plano de resposta humanitária para Honduras, através do qual "espera reunir 44 milhões de dólares para assistir 250.000 pessoas com alimentos, nutrição, cuidados de saúde, água, saneamento, higiene e proteção dos meios de vida", disse Robinson.

Apenas "12% do plano de resposta está financiado, de modo que as necessidades persistem" e "a necessidade de maiores doações é urgente", completou.