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Exoplaneta Kepler-78b, uma Terra infernal a 3000ºC que impede a vida

Exoplaneta Kepler-78b tem 1,8 vezes a massa da Terra e o mesmo tamanho. Essa descoberta mostra aos astrônomos que podem existir vários planetas similares à Terra no espaço, e, alguns deles, podem até ter condições de abrigar a vida - David A. Aguilar (CfA)
Exoplaneta Kepler-78b tem 1,8 vezes a massa da Terra e o mesmo tamanho. Essa descoberta mostra aos astrônomos que podem existir vários planetas similares à Terra no espaço, e, alguns deles, podem até ter condições de abrigar a vida Imagem: David A. Aguilar (CfA)

Em Paris

30/10/2013 16h58

O exoplaneta Kepler-78b certamente é um inferno com temperaturas que oscilam entre 1.500 e 3.000°C, mas para os astrônomos tem a característica particularmente interessante de possuir tamanho e massa muito parecidos aos do nosso planeta.

Dito de outra forma, este quase irmão gêmeo do nosso planeta nunca será habitável pelo ser humano, mas alimenta a esperança de um dia ser encontrada uma "Terra bis" entre os bilhões de exoplanetas presentes na galáxia.

Lançado em 2009 pela Nasa, o telescópio espacial Kepler descobriu, durante sua missão, bilhões de candidatos possíveis entre os planetas rochosos.


No entanto, embora seja relativamente fácil determinar seu tamanho, é muito mais complicado conhecer suas características.

Kepler-78b é uma exceção à regra porque está em órbita muito perto do sol - daí sua temperatura infernal -, em torno do qual faz uma volta completa em apenas oito horas e meia.

Essa particularidade permitiu a duas equipes diferentes de astrônomos observar o exoplaneta e calcular sua massa, entre 1,69 e 1,86 vez a da Terra, segundo estudos publicados esta quarta-feira na revista Nature.

Isso dá a ele uma densidade quase idêntica à da Terra, ou seja, 5,5 gramas por centímetro cúbico.

Essa densidade indica que Kepler-78b, assim como o planeta Terra, provavelmente é formado por rochas de ferro.

Embora no estado atual dos conhecimentos não haja possibilidade alguma de vida em sua superfície, o "Kepler-78b constitui um sinal animador para a busca de mundos habitáveis fora do nosso sistema solar", resumiu Drake Deming, astrônomo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, em um comentário em separado publicado na Nature.

Segundo o astrônomo, a existência desse planeta hostil "tem pelo menos o mérito de mostrar que planetas extrassolares com uma constituição semelhante à da Terra não constituem um fato extraordinário" na Via Láctea e que é possível encontrar algumas com critérios mais compatíveis com alguma forma de vida.