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Sequenciamento do genoma do óleo de palma pode reduzir pressão sobre florestas

Em Paris

24/07/2013 14h07

O sequenciamento do genoma do óleo de palma, também conhecido como dendê, a principal fonte de gordura vegetal do mundo, permitiu identificar um gene essencial para aumentar a produtividade e diminuir a pressão sobre as florestas tropicais, de acordo com dois estudos.

A palmeira é cultivada por seus frutos, de onde é extraído o óleo de palma, o óleo vegetal mais consumido no mundo.

Ela representa a primeira cultura de oleaginosas em todo o mundo (33% da produção mundial de óleo vegetal e 45% da produção de óleo comestível).

Também é a mais produtiva, chegando a produzir 5 a 7 vezes mais óleo por hectare do que o amendoim e 10 vezes mais do que a soja.

Frente ao aumento da demanda mundial de óleo de palma, para atender às demandas da indústria de alimentos, mas também a de biocombustíveis, as superfícies plantadas com óleo de palma aumentaram dramaticamente nos últimos anos, especialmente no sudeste asiático, em detrimento das florestas.

Atualmente, o plantio da palma é considerado um dos maiores responsáveis por desmatamentos destrutivos.


O Escritório de Óleo de Palma da Malásia (MPOB) apresenta nesta quarta-feira na revista Nature dois estudos que podem ajudar a melhorar a sua cultura.

O MPOB analisou o genoma das duas principais espécies de óleo de palma, Elaeis guineensis, nativa da África Ocidental, a mais comum, e a Elaeis oleifera, nativa da América Latina.

Eles identificaram um gene específico, denominado "Shell", que determina a natureza da casca do fruto. Existem três variedades de palmeiras, que diferem entre si pela espessura da casca. O tipo "dura" é caracterizado pela sua casca grossa, o tipo "pisifera" por sua falta de casca, mas esta palmeira geralmente não produz fruto, e o tipo "tenera", um híbrido das anteriores, caracterizado pela fineza de sua casca.

O tipo tenera contém uma versão normal do gene Shell e uma versão mutada, uma combinação que se traduz por um rendimento de óleo por fruto 30% maior que o tipo dura.

O óleo de palma tem um ciclo reprodutivo muito longo. São necessários até seis anos para que os produtores determinem o tipo de muda.

A obtenção de um marcador genético permitiria acelerar o processo de seleção e reduzir a superfície cultivada.

"Esta descoberta poderia ajudar a conciliar os interesses conflitantes entre a crescente demanda mundial por óleos e biocombustíveis, por um lado, e para a preservação das florestas, do outro", declarou um dos autores do estudo, Rajinder Singh (MPOB).

O cultivo de óleo de palma, que está passando por um rápido desenvolvimento, sofre com dois problemas: é acusado de destruir florestas e ameaçar a saúde humana, com produtos de consumo nocivos para o sistema cardiovascular.

A Malásia é o segundo maior produtor de óleo de palma, depois da Indonésia.