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Genoma do peixe-zebra tem 70% de equivalência com o humano

Em Paris

17/04/2013 16h55

Cientistas decifraram o genoma do peixe-zebra (Danio rerio), um "organismo modelo" usado nos laboratórios para estudar as doenças humanas, e descobriram que 70% dos genes deste pequeno peixe têm seu equivalente nos nossos.

Este genoma é o maior decifrado até agora (26 mil genes codificados) e foi sequenciado com tanta precisão "que, realmente, podemos fazer comparações diretas entre os seres humanos e os genes do peixe-zebra", explicou Derek Stemple, geneticista do Wellcome Trust Sanger Institute, da Universida de Cambridge, no Reino Unido.

"Sei que pode parecer estranho estudar o peixe-zebra, especialmente se estamos interessados nos genes associados às doenças humanas (...). Seu genoma é muito similar ao dos humanos, 70% dos genes humanos têm um homólogo no peixe-zebra" e se nos concentrarmos unicamente nos genes associados às doenças humanas, a proporção chega a 84%, acrescentou o cientista, que chefiou dois estudos publicados na revista britânica Nature nesta quarta-feira (17).

"Por exemplo, a principal causa de distrofia muscular [miopatias genéticas hereditárias] no ser humano reside nas mutações de um gene chamado distrofina, e os peixes-zebra têm um gene distrofina. É muito similar. E as mutações do gene distrofina nos peixes-zebra também provocam neles a distrofia muscular", destacou Derek Stemple, em vídeo exibido na Nature para acompanhar estes estudos.

"A ideia é usar um organismo modelo como o peixe-zebra para tentar ver exatamente o que estes genes fazem (...), revisar cada gene do genoma e ver o que provoca no peixe uma perda de função", disse Ross Kettleborough, que trabalhou na decodificação.

Segundo os cientistas, como os genes do peixe-zebra são muito semelhantes aos nossos, isso melhoraria consideravelmente nosso conhecimento sobre a biologia humana.

"Até o momento, identificamos as variações [mutações] de cerca de 40% dos genes do peixe-zebra e descrevemos os efeitos dessas variações em 1.200 genes", informou Elisabeth Busch-Nentwich, coautora do estudo.

"Uma vez identificadas essas variações, estudamos as mudanças que provocam, descrevemos essas mudanças e as introduzimos na base de dados" à qual cientistas de todo o mundo têm acesso livre, explicou.

Os peixes-zebra são usados há muito tempo como modelos para o estudo de doenças humanas, especialmente porque são fáceis de serem criados em grande número nos laboratórios.