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Astrônomos observam pela primeira vez possível nascimento de planeta

Em Santiago

28/02/2013 19h57

Uma equipe internacional de astrônomos observou pela primeira vez, de forma direta, graças a um potente telescópio instalado no norte do Chile, o que parece ser um planeta em formação, incrustado ainda em um disco de gás e poeira, informou o Observatório Europeu Austral (ESO, na sigla em inglês).

Se a descoberta for confirmada, possível com o Very Large Telescope (VLT), considerado o telescópio óptico mais avançado do mundo, daria pistas importantes de como se formam os planetas e como se pode melhorar a observação destes fenômenos, destacou o ESO.

A equipe de astrônomos, liderada pela suíça Sascha Quanz, estudou o espesso disco de gás e poeira que rodeia a jovem estrela HD100546, que está a 335 anos-luz da Terra e se surpreendeu ao encontrar o que parecia ser um planeta em processo de formação, ainda dentro do disco de material que ronda a jovem estrela.

"Acredita-se que poderia ser um gigante gasoso como Júpiter", informou comunicado do ESO.

As teorias atuais dizem que os planetas gigantes crescem ao capturar parte dos restos de gás e poeira que permanecem após a formação de uma estrela, mas nunca foi possível observar este processo ao vivo.

A estrela HD 100546 tem sido muito bem estudada até agora, segundo o ESO, e se sugeriu que já tem um planeta gigante a uma distância seis vezes maior à que separa a Terra do Sol. Este segundo candidato a planeta fica "nas regiões exteriores do sistema, umas dez vezes mais distante" que o outro.

"Até agora, a formação planetária tem sido um assunto abordado principalmente com simulações por computador", disse a astrônoma Sascha Quanz em comunicado. "Se a nossa descoberta for de um planeta em formação, pela primeira vez os cientistas poderão estudar empiricamente o processo de formação planetária e a interação de um planeta em formação com seu entorno natal em um estágio muito prematuro", acrescentou.

Segundo Adam Amara, outro membro da equipe, "a pesquisa exoplanetária é uma das mais novas e emocionantes fronteiras da astronomia e a imagem direta de planetas ainda é um campo emergente que vai se beneficiar muito dos recentes avanços em instrumentação e em métodos de análises de dados".

A descoberta ocorreu graças ao VLT e a um instrumento de medição do comprimento de onda infravermelha. O telescópio fica em Paranal, observatório operado pela ESO, que está situado a 2.600 metros de altitude, próximo da cidade de Antofagasta, a 1.360 quilômetros ao norte de Santiago.

A ESO é a principal organização astronômica intergovernamental da Europa e o observatório astronômico mais produtivo do mundo. Quinze países apoiam esta instituição: Brasil, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça.